TRABALHANDO O IMPERIALISMO E A
EXPLORAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NUMA ESCOLA PÚBLICA DE
CAMPINA GRANDE-PB
O presente trabalho busca relatar a
experiência de ensino de História em uma escola periférica na cidade de Campina
Grande - PB, em duas turmas de terceiro ano do ensino médio. Como
graduandos(as) vinculados(as) ao Programa de Educação Tutorial (PET), buscou-se
levar temas recorrentes ao ENEM na área de História, no intuito também de
realizar não um ensino metódico ou decorativo da disciplina, mas um ensino
crítico, questionador e, que levaria os alunos e alunas a compreender a
situação política, econômica e social no qual a América latina está situada
desde sua colonização aos dias de hoje. Somando a isto, buscamos relatar um
pouco sobre os desafios que se encontram no ensino de História hoje, no ensino
médio e como o graduando em experiência acadêmica pode ao mesmo tempo que
oferecer um retorno de conhecimento para esses alunos (as) como também
preencher essa carência tanto material como referente ao próprio ensino de
História nas escolas públicas de ensino.
Introdução
Cadernos Didáticos/ENEM é um projeto vinculado ao
Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de História da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG). Ele tem por objetivo levar a alunos e alunas
de escolas públicas e periféricas, aulas com temáticas que possam contribuir
para uma melhor preparação para o Exame Nacional de Ensino Médio, de forma em
que os alunos possam ter acesso a parte do conhecimento acadêmico produzido nas
universidades como uma forma de retorno ao que aquelas famílias contribuem com
seus impostos para que programas como estes sejam formados.
Desde o início da atual gestão do PET
História/UFCG, as temáticas que são abordadas em sala de aula têm sempre sido
selecionados levando em consideração tanto assuntos que são passíveis de serem
cobrados no exame, mas que busquem também uma formação crítica dos estudantes,
pretendendo um tipo de ensino de História que quebre com as práticas de ensino
tradicionais. Vê-se que isto é importante, visto que desde muito tempo a
disciplina histórica foi, por muitos, associada a um certa maneira de prática
de ensino que levava em consideração mais o famoso “decoreba”, que enfatizava a
memorização de datas, nomes, fatos e grandes eventos em geral do que mesmo a aprendizagem
real dos alunos.
Foi escrito um módulo didático com várias
temáticas, intitulado “Módulo ENEM PET História”. Falaremos do que foi escrito
no quarto capítulo onde foi pensado o
imperialismo na região latino-americana e sua exploração. Sobre isto
foram nossas duas aulas e cada uma das duas turmas de 3º ano da EEEFM Dom Luiz
Gonzaga Fernandes, no bairro das Malvinas em Campina Grande/PB.
Bem na linha do que escreveu Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários
à prática educativa” (2007), em nossa experiência nós quisemos fazer uma
atuação que levasse os alunos a compreenderem de forma crítica a sua história e
realidade, neste caso a realidade latino-americana que foi muito influenciada
pela atuação do imperialismo e pela exploração causada por potências externas.
Temos por objetivo neste artigo, relatar a nossa atuação no desenvolvimento da
temática a respeito da exploração que sofre e sofreu a América Latina, levando
em consideração a sua história posição na Divisão Internacional do Trabalho
(DIT) e o imperialismo na região. A escolha dessa temática partiu da
compreensão de que é um assunto muito pouco tratado nas aulas do Ensino Médio e
de que perceber a atuação do
imperialismo na região tem muito a ver com o próprio entendimento da nossa
própria realidade.
Lugar de atuação
e o nosso aporte teórico
Como foi argumentado, um dos principais objetivos do presente trabalho é sair um pouco do campo teórico e relatar como foi a experiência prática de ensino em uma escola periférica de ensino público, sendo uma escola pertencente a tal categoria, o professor, ou no caso o graduando que vai exercer experiência de ensino na escola, irá com a ideia em mente que poderá contar com poucos recursos, sendo assim terá que desenvolver práticas de ensino em que a aula torne-se atrativa, desperte curiosidade nos alunos, faça com que eles tornem-se questionadores e absorvam o conteúdo, mesmo que ele possa ter um linguajar ainda um tanto acadêmico.
Sendo assim, um dos primeiros passos dados foi o de compreender o conhecimento básico que eles tinham acerca do tema que seria discutido ali, dessa forma, o conhecimento prévio dos alunos(as) foi testado, antes de se iniciar a aula, foi importante saber o que eles entendiam sobre América Latina, imperialismo, sobre a política nacional e internacional e etc, mesmo que os alunos tenham aquelas respostas simplificadas ou até ingênuas, não deixa de ser um conhecimento, sendo que cabe ao professor a partir daí analisar esse conhecimento prévio e ir nos pontos onde acha que os alunos precisam melhorar e compreender melhor.
Seguindo uma linha Freiriana de ensino, o educador aponta que “...desde os começos dos processos, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferente entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (FREIRE, 1996). Sendo assim, o ensino de História pode ser visto como uma via de mão dupla, onde professor e aluno fazem parte de um mesmo processo, ao passo que o primeiro não pode levar consigo a forma de ensino de História positivista onde o saber histórico consiste em decorar datas, nomes e grandes feitos e o aluno torna-se um simplesmente alguém a receber e absorver conteúdo, Em contrapartida, o segundo, no caso do aluno, deve ter sua autonomia respeitada.
Como foi argumentado, um dos principais objetivos do presente trabalho é sair um pouco do campo teórico e relatar como foi a experiência prática de ensino em uma escola periférica de ensino público, sendo uma escola pertencente a tal categoria, o professor, ou no caso o graduando que vai exercer experiência de ensino na escola, irá com a ideia em mente que poderá contar com poucos recursos, sendo assim terá que desenvolver práticas de ensino em que a aula torne-se atrativa, desperte curiosidade nos alunos, faça com que eles tornem-se questionadores e absorvam o conteúdo, mesmo que ele possa ter um linguajar ainda um tanto acadêmico.
Sendo assim, um dos primeiros passos dados foi o de compreender o conhecimento básico que eles tinham acerca do tema que seria discutido ali, dessa forma, o conhecimento prévio dos alunos(as) foi testado, antes de se iniciar a aula, foi importante saber o que eles entendiam sobre América Latina, imperialismo, sobre a política nacional e internacional e etc, mesmo que os alunos tenham aquelas respostas simplificadas ou até ingênuas, não deixa de ser um conhecimento, sendo que cabe ao professor a partir daí analisar esse conhecimento prévio e ir nos pontos onde acha que os alunos precisam melhorar e compreender melhor.
Seguindo uma linha Freiriana de ensino, o educador aponta que “...desde os começos dos processos, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferente entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (FREIRE, 1996). Sendo assim, o ensino de História pode ser visto como uma via de mão dupla, onde professor e aluno fazem parte de um mesmo processo, ao passo que o primeiro não pode levar consigo a forma de ensino de História positivista onde o saber histórico consiste em decorar datas, nomes e grandes feitos e o aluno torna-se um simplesmente alguém a receber e absorver conteúdo, Em contrapartida, o segundo, no caso do aluno, deve ter sua autonomia respeitada.
O aluno de uma escola pública de ensino médio,
como muitos no qual nos deparamos, principalmente quando a escola situa-se na
área periférica da cidade, certamente fora daquele local de ensino ele(a) terá
uma vida não tão apegada aos livros, pode considerar a escola um ambiente
enfadonho, que não valoriza suas habilidades pessoais, se tratando da
disciplina de História, pode ser vista como algo com não muita utilidade em seu
cotidiano, por ser considerado uma ciência presa ao passado. Com a aula,
buscamos romper um pouco com esses estereótipos que fazem parte da vida e
cotidiano dos alunos, ao trabalhar o tema que foi proposto, buscamos ensinar
uma História crítica, analítica, buscando as raízes da história da América
latina para explicar sua formação econômica, social e política no decorrer dos
séculos, mas também focando no presente, mostrando qual a utilidade de entender
esses aspectos do continente no qual estamos todos situados.
Durante a aula, tentamos levar em meio a
explicação, um aporte teórico que é comum no campo acadêmico, mas que
geralmente não se vê muito no ensino médio em escolas públicas, porém, todo o
conteúdo foi passado com uma certa preocupação em facilitar o entendimento,
seria impossível lecionar com uso de
conceitos históricos complexos que só são debatidos na academia, por isso, no
intuito de uma melhor compreensão a aula foi realizada em uma linguagem que
seria facilmente absorvida pelos alunos, sem tantos termos complexos e
acadêmicos.
O ensino além dos muros da universidade sempre
foi visto por nós graduandos como algo de extrema importância, por dois fatos,
têm contribuído para que o graduando tenha em contato a prática de ensino,
tendo uma formação mais completa desde cedo tendo em mãos seu futuro local de
atuação, como oferece aqueles alunos e alunas de escola pública um retorno,
visto que a universidade pública se mantém com impostos que suas famílias
também pagam, dessa forma o mínimo que podem receber é um retorno, na nossa
área, de saber histórico para que sintam-se conhecedores do seu local de
pertencimento e com um senso crítico de aprendizagem.
Somando a isto, muitos daqueles alunos de escola
pública tem interesse em um dia ingressarem em um curso no ensino superior,
porém, obviamente uma escola de ensino público não prepara o aluno para
vestibular ou Exame nacional de ensino médio (ENEM), sendo assim o ensino de
extensão oferece outro retorno neste aspecto, trabalhar com temas recorrentes
nos módulos do Enem para que os alunos durante aquelas aulas que foram
lecionadas durante um período de tempo sirva como o início de um estudo mais
aprofundado e uma melhor preparação para que aqueles alunos também concorram a
vagas no ensino superior.
Uma outra preocupação acerca do local de atuação
do professor ou graduando em História é a singularidade de cada indivíduo que
ali se encontra, numa escola como a que
atuamos, em uma turma de terceiro ano existem pessoas de diferentes
idades, diferentes ritmos de aprendizagem, que tem uma vida e uma rotina além
dos muros da escola, desta forma, o papel do professor de história torna-se
importante para que aqueles alunos(as) compreendam cada vez mais seu local
social e a realidade no qual cada um está inserida, é uma disciplina formadora,
que quando lecionada de forma correta pode respeitar a religiosidade, cultura e pensamento político
de cada um. E, sobretudo indo além do âmbito material, como aponta SAVIANI
(2008)
“(...) No entanto, nós sabemos que a ação que é
desenvolvida pela educação é uma ação que tem visibilidade, é uma ação que só
se exerce com base em um suporte material. (...) Nesse sentido, um livro é
material, mas o que ele contém são ideias, são teorias, portanto algo
imaterial”. (SAVIANI, 1997, p. 90) _
Sendo assim,
a atuação do professor ou graduando na rede pública de ensino tem seus
desafios, principalmente quando diz respeito aos recursos que serão utilizados,
de uma forma que a ausência desses não sirva como algo desestimulante no
processo do ensino, retomando, e que mesmo que tais recursos materiais sejam
escassos que o saber histórico adquirido academicamente possa influenciar a
vida dos alunos. Retomando os dizeres de
Paulo Freire
‘Um dos piores males que o poder público vem
fazendo a nós, no Brasil, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de
fazer muitos de nós correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação
pública, existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente
cínico que leva ao cruzamento dos braço’ (FREIRE, Paulo,1996 p. 67).
O ensino de História, portanto, realizado em uma
extensão como foi o caso, pode contribuir com os dois lados na formação educativa, seja do graduando como dos
alunos no geral ao ser lecionada com um viés crítico, mas sem deixar de ser
didático e atrativo aos alunos e que, contribuirá para a formação individual como um ser social.
Nossa metodologia
e conteúdos
A metodologia que abordamos nas aulas procurou seguir
alguns passos que consideramos fundamentais. Consideramos muito importante o
que escreveu Paulo Freire (1996) em relação ao respeito que o professor tem que
dar ao conhecimento dos alunos e, nesse sentido, iniciamos as aulas sempre com
perguntas aos estudantes, para que pudessem nos dar uma visão geral do que eles
já sabiam a respeito da temática da América Latina em si (de que se trata,
quais países fazem parte delas, o que elas acham que é o imperialismo, etc).
Essas questões iniciais, que foram feitas em tom
de conversa com os estudantes das turmas, foram de extrema importância para o
desenvolver-se das aulas na medida em que pudemos nos orientar melhor em
relação a saber melhor selecionar em que se deve focar ou não. Buscamos fazer
com que os alunos pudessem compreender que eles também fazem parte desta
realidade latino-americana que viveu (e para muitos ainda vive) sérios
problemas causados pela atuação de forças externas. Nesse sentido, é importante
o aluno
“assumir-se como ser social e histórico como ser
pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de
ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de
reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão
dos outros. É a ‘outredade’ do ‘não eu’, ou do tu, que me faz assumir a radicalidade de meu eu” (FREIRE, 1996, p. 41).
Assim, também se buscou fazer com que os alunos
pensassem também a sua identidade latino-americana e se entendessem enquanto
atores sociais incluídos no processo histórico, capazes de operar mudanças
reais enquanto agentes construtores de história. Outra questão metodológica
importante foi a exibição de imagens e vídeos que ilustrassem melhor aquilo que
estávamos querendo dizer.
Entre as imagens destacaram-se as charges (pois
prendem mais a atenção dos estudantes) e algumas tabelas, para que o processo
ensino-aprendizagem fosse melhorado, tendo em vista que nas tabelas as
informações estavam mais organizadas e possibilitaram algumas comparações. Um
exemplo dessas tabelas dizia respeito a uma exploração temporal das fases da
Divisão Internacional do Trabalho (DIT), com a qual pudemos apresentar aos
alunos certas especificidades de cada uma destas fases. Concordamos em certa
medida com o que escreveu Eduardo Galeano no seu clássico “As veias abertas da América Latina”, quando ele diz:
“É a América Latina, a região das veias abertas.
Do descobrimento aos nossos dias, tudo sempre se transformou em capital europeu
ou, mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula nos
distantes centros do poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas ricas
em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos
naturais e os recursos humanos”. (GALEANO, 2017, p. 18).
Nossa ideia foi mostrar que, mesmo depois das
independências políticas dos países da região, a exploração continuou. Citamos
as invasões de muitos países da região pelos Estados Unidos da América,
mostramos casos em que eles estiveram por trás de golpes de estados na região
(como aquele que aconteceu em 1964 e a deposição do presidente João Goulart no
Brasil).
Outro recurso didático interessante que
utilizamos foi a música. Buscamos falar um pouco da letra da canção
“Latinoamérica”, cantada pela banda musical Calle 13 (de Porto Rico, região
latina ainda atualmente sob o comando dos EUA). A canção foi importante pois, a
medida em que fala da identidade latino-americana, fala de nossa gente, da
nossa geografia e, principalmente, denuncia a exploração que a região sofreu e sofre
ainda hoje. “Sou uma fábrica de fumo”, diz a letra fazendo referência à
especialização econômica latino-americana na exportação de commodities. A velha ideia: vende produtos baratos e compra
produtos caros.
Quisemos mostrar, nestas aulas, que esta dominação
de outros países sob a América Latina continua até os dias atuais. Discorremos
um pouco, por exemplo, a respeito da atuação dos Estados Unidos para que golpes
de estado fossem dados na região, falamos de sua exploração da região, etc.
Mas, não ficamos apenas nisto. Nós também mostramos aos alunos que a região é dependente de países centrais. Isto
ocorre dentro da lógica de Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
Sobre esta
dependência dos países da região aos chamados “países centrais”, discorrerem
muitos estudiosos. Entre eles está o trabalho do ex-presidente brasileiro
Fernando Henrique Cardoso, que escreveu a tão conhecida obra “Dependência e desenvolvimento
na América Latina” junto com o chileno Enzo Faletto, publicado pela
primeira vez no ano de 1969. Para os autores, a América Latina pode se
desenvolver dentro da dependência, através do desenvolvimento dos investimentos
do capital estrangeiro na região. Mas, nas nossas aulas, nós usamos uma outra
ideia de dependência, aquela
desenvolvida por Ruy Mauro Marini em seus estudos. Ele pensou a dependência a
partir de um ponto de vista marxista. Para Marini, o século XIX é muito
importante de ser entendido a respeito disto, pois:
“É a partir
desse momento que as relações da América Latina com os centros capitalistas
europeus se inserem em uma estrutura definida: a divisão internacional do
trabalho, que determinará o sentido do desenvolvimento posterior da região: em
outros termos, é a partir de então que se configura a dependência, entendida
como uma relação de subordinação entre ações formalmente independentes, em cujo
marco as relações de produção das nações subordinadas são modificadas ou
recriadas para assegurar a reprodução ampliada”. (MARINI, 2005, p. 141).
Para este
autor, na América Latina há o que ele chama de superexploração da força de trabalho, para que haja compensação do
que têm que gastar com os produtos que têm que importar dos países centrais,
pois não podem produzi-los aqui. Desde muito tempo a ordem global não permite
que os países da América Latina desenvolvam-se mais industrialmente e
tecnologicamente, pois são especializados em exportação de bens primários.
Mas, alguns
países latino-americanos podem ser entendidos como “industrializados”. São
eles: Brasil, México e Argentina, principalmente. Em relação a isto, nossa
ideia foi mostrar aos alunos que, se por um lado as empresas multinacionais que
se instalam nestes países e criam empregos, por outro esta mão de obra não é
tão valorizada como em outros países e geralmente o que é produzido neles são
produtos mais “fáceis” de serem feitos. O que queremos dizer é que continuamos
comprando computadores em alta tecnologia e exportando soja, carne e café mesmo
que haja instalações de grandes montadoras de carros (por exemplo) nestes países.
Montadoras de empresas multinacionais que enviam seus lucros para as sedes que
ficam em seus respectivos países.
Considerações finais
Ao longo de
nossas aulas nestas turmas de 3º ano do Ensino Médio, procuramos levar aos
alunos discussões a respeito de questões que consideramos importantes para a
formação crítica dos jovens brasileiros, inseridos numa realidade fruto dos
processos históricos trabalhados nas aulas. Reflexões como estas não são feitas
no sentido de pensar todos os problemas atuais da América Latina enquanto sendo
frutos duma longa histórica de exploração, já que entendemos que o
subdesenvolvimento da nossa região também foi causado por problemas internos
que têm que ver com má gestão dos recursos públicos e decisões erradas por
parte daqueles que cometeram as nações latino-americanas. Dito isto, é
importante saber que, por mais que a exploração da América Latina não seja a
única razão de seu subdesenvolvimento, tal processo a causou sérios danos,
entre os quais falamos de alguns o decorrer deste artigo. É importante destacar
também que este é um assunto bem complexo e nossa opção teórico-metodológica
não pretende ser entendida como “a verdade”, mas teve ambição de provocar o
debate a respeito do tema.
Referências:
Michell Ricarte é graduando da UFCG e faz parte do PET História
Ismael Lacerda é graduando da UFCG e faz parte do PET História
Michell Ricarte é graduando da UFCG e faz parte do PET História
Ismael Lacerda é graduando da UFCG e faz parte do PET História
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa/Paulo Freira. - São Paulo: Paz e Terra,
1996
SAVIANI, Dermeval, 1944 - Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações/Dermeval Saviani- 11.ed.rev. - Campinas, SP: Autores Associados, 2011
SAVIANI, Dermeval, 1944 - Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações/Dermeval Saviani- 11.ed.rev. - Campinas, SP: Autores Associados, 2011
MARINI, Ruy
Mauro. I. Dialética da dependência, 1973. In: TRANSPADINI, Roberta; STEDILE,
João Pedro (orgs.). Ruy Mauro Marini: vida e obra. - 1. ed. - São Paulo: Expressão
Popular, 2005, p. 137-194.
CARDOSO,
F.H.; FALETTO, Enzo. “II Análise integrada do desenvolvimento”. In:
BIELSCHOWSKY, Ricardo (org.). Cinquenta anos de pensamento na Cepal.
Rio de Janeiro: Record, 2000.
GALEANO,
Eduardo. As veias abertas da América Latina. - Porto Alegre, RS:
L&PM, 2017.
Muito interessante a preocupação de vocês em relação a metodologia, e a entender a realidade social dos alunos. Quais meios foram usados para driblar a falta de recursos na escola e prender a atenção dos alunos? E quais foram os resultados obtidos com a atividade?
ResponderExcluirAnaliana Rodrigues da Silva
Olá Analiana. Obrigado. Em relação aos recursos, entendendo que a escola não ofereceria algumas coisas, como por exemplo o projetor de imagens (o que ajudou muito como dissemos no artigo), nós levamos alguns materiais que são do programa ao qual somos vinculados para usarmos nas aulas. Creio que os resultados obtidos vão mais no sentido de ter feito com que os alunos pudessem refletir sobre a sua própria identidade enquanto latino-americanos e tê-los feito compreender um pouco mais de nossa história que, malgrado todos os erros políticos de nossos governantes, também sempre foi explorada de certa forma, desde a época da colonização. Michell Alves de Almeida Ricarte
ExcluirBom dia aos autores que relataram esta experiência desde já meus parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirEsta situação de praticar o ensino em áreas com pouca infraestrutura e marginalizadas socialmente realmente deve ser algo impactante na carreira do docente .
Pensando nesta situação, minha pergunta aos autores é a seguinte,no ambiente escolar a classe social dos alunos tem interferência na metodologia de ensino? Esses mesmos conteúdos IMPERIALISMO E A EXPLORAÇÃO NA AMÉRICA LATINA seriam ensinados com a mesma abordagem em uma escola particular por exemplo onde os alunos geralmente vem de famílias mais abastadas financeiramente.
Aguardo a resposta,desde já obrigado.
Marcos Vinicius Rodrigues Ferreira
Boa noite, Marcos.
ExcluirAgradecemos o elogio. Respondendo sua pergunta, eu acredito que em partes sim, embora o programa que fazemos parte (PET História) é voltado para as escolas de periferia da cidade, do campo e dos quilombos e nunca chegamos a atuar na rede privada de ensino, mas acredito que mesmo sendo lecionada em uma escola particular a abordagem mudaria só alguns pontos, sendo que o objetivo principal era fazer com que os alunos compreendessem a situação Histórica, política e econômica da América Latina, mas por exemplo, na escola pública tivemos mais uma certa autonomia e podemos mostrar uma História critica, analítica, na rede privada talvez teríamos que ser mais factuais, nos prender a narrativa e mostrar mais uma História presa ao passado.
Ismael Lacerda Brasileiro
Boa noite, belo trabalho! Com relação a dinâmica da aula houve alguma dificuldade dos alunos se perceberem enquanto latinos, digo isso porque o Brasil é um irmão meio diferente e a parte dos nossos vizinhos. Acho que muitos alunos sentem dificuldade em se sentir latinos. Agradeço a atenção Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirBoa noite. Uma pergunta interessante.
ExcluirComo foi relatado, antes de lecionarmos o conteúdo, fizemos algumas perguntas aos alunos como: O que é América Latina, Por que ela recebe esse nome e etc, alguns alunos souberam descrever até bem, mas nota-se realmente que nós perdemos um pouco essa identidade do que é ser Latino Americano, comparado aos nossos vizinhos. Era possível notar nas aulas que eles viam alguns acontecimentos envolvendo a História como algo meio distante da nossa realidade, sendo assim tentamos aproximar um pouco citando fatos do passado e trazendo para o presente, principalmente utilizando como exemplo maior essa conjuntura que estamos vivenciando.
Ismael Lacerda Brasileiro