REVOLUÇÃO
RUSSA E TEATRO NO ENSINO DE HISTÓRIA
Introdução
A escola dos Annales, criada no século XX a partir de uma revista universitária francesa, promoveu uma ampliação das fontes historiográficas o que contribuiu de maneira significativa para a História Cultural. Essa vertente também foi responsável por alterar a relação do historiador com o seu objeto de estudo, dando a ele uma possibilidade de compreensão através da interdisciplinaridade. Dessa forma, a antropologia, a psicologia, e no caso dessa pesquisa, as linguagens artísticas, podem ser utilizadas como elementos fundamentais para análise de determinado período.
A escola dos Annales, criada no século XX a partir de uma revista universitária francesa, promoveu uma ampliação das fontes historiográficas o que contribuiu de maneira significativa para a História Cultural. Essa vertente também foi responsável por alterar a relação do historiador com o seu objeto de estudo, dando a ele uma possibilidade de compreensão através da interdisciplinaridade. Dessa forma, a antropologia, a psicologia, e no caso dessa pesquisa, as linguagens artísticas, podem ser utilizadas como elementos fundamentais para análise de determinado período.
Nesse
sentido, entre as inúmeras linguagens artísticas criadas pela humanidade desde
tempos muito remotos, o teatro é uma das principais. Ele é tido como uma arte
milenar, de abrangência universal visto que possui como pressuposto a
representação de questões ligadas a realidade. Posto isso, é interessante
analisar como essa expressão, não sendo neutra, possui características
intrínsecas à sociedade que “...possibilitará
olhar para o passado ou questionar o presente a partir daquilo que é posto em
cena. ” (VASCONSELOS, 2011).
A
partir disso, pode-se pensar na aplicação do teatro para uso no ensino de
História, considerando-o como um documento histórico e estudando-o como tal. Em
contraposição ao ensino tradicional, por vezes visto como monótono, a inserção
de uma metodologia alternativa dentro da sala de aula pode aproximar os alunos
do conteúdo abordado. Assim, os leva a um processo de aprendizagem mais
interativo e dinâmico. Isso não se resume apenas no âmbito da consciência
histórica individual, mas também contribui para uma reflexão crítica sobre a
vida e sua possível transformação.
Prosseguindo
com essa ideia de construção de novas pontes de comunicação em sala de aula
(professor – aluno), é possível refletir a respeito da utilização do corpo e
dos sentidos como contribuintes para o processo de aprendizagem. Ademais, o
teatro mostra-se uma interessante alternativa para a constituição de uma nova
filosofia para a educação e o ensino de História em si. A vista disso, utilizar
essa expressão para a prática pedagógica é “...conduzir o aluno ao processo de
autonomia na construção do conhecimento e principalmente, construí-lo de forma
prazerosa...” (VASCONSELOS, 2011).
Portanto,
o presente artigo visará levantar considerações a respeito de como a linguagem
artística teatral, descrita anteriormente, pode ser uma fonte para a pesquisa
histórica, bem como para a prática pedagógica do professor de História. Sendo
assim, a Revolução Russa, a historiografia decorrente dessa e as duas peças do
artista Maiakóvski (‘Mistério – Bufo’ e ‘O Percevejo’) serão temas abordados
para reflexão referente as possibilidades de metodologia inseridas no contexto
educacional.
Revolução Russa, por Mauricio
Tragtenberg
De
antemão, antes de falar propriamente da obra ‘A Revolução Russa’, é necessário
que se faça uma breve contextualização sobre o autor, para, portanto, compreender
os interesses e concepções desse ao escrever tal livro. Assim, o autor Mauricio
Tragtenberg nasceu na cidade de Erexim no Rio Grande do Sul em 1929, porém com
pouca idade já havia se mudado com a família para São Paulo. Tendo influente
contato com intelectuais e espaços dedicados para a discussão das ciências
humanas e sociais, como centros e bibliotecas, chegou a compor o corpo de
colunistas do jornal Notícias Populares e ter efetiva participação no Partido
Comunista Brasileiro. Com dedicação para as pesquisas, escreveu inúmeros
livros, como ‘Planificação: desafio do século XX’, monografia desse na USP, ‘Burocracia
e ideologia’, entre outros que sobressaia entre as temáticas: burocracia,
capitalismo, classes, socialismo e etc.
No
livro ‘A Revolução Russa’, escrito em 2007, Tragtenberg buscou fazer uma
análise diferente da tradicional, que aborda a visão distorcida dos vencedores
diante dos vencidos. Para tanto, o autor seguindo uma concepção, no qual o
proletariado possui uma carga considerável no processo, iniciou seu livro,
destacando nos dois primeiros capítulos o contexto em que vivia a Rússia. “A
Rússia imperial” e “A sociedade russa pré-revolucionária”, possuíam como
características principais, a tradição militar e religiosa diante da sociedade
que possuía alto grau de analfabetismo. A base econômica era marcada
fundamentalmente pela agricultura, sendo como forma de trabalho a servidão até
o seu fim em 1861, mesmo que após isso, ainda persistisse a miséria e a fome
entre a população (maioria camponesa), enquanto que uma rica elite continuava
com seus privilégios. O controle Estatal na figura do czar Nicolau II e sua
família (Romanov) governou a Rússia por centena de anos.
A
Rússia possuía uma população descontente com aumento de impostos, uma vez que
os recursos eram poucos e a maioria estava na condição de miséria. Assim, em
1905, o Domingo Sangrento se mostrou como uma revolta contra a situação do pais
(czarismo) e da participação desse na Primeira Guerra Mundial. O fim dos
Romanov na política e a tomada do poder por Lenin culminou conflitos entre
trabalhadores e patrões. Nesse sentido, havia grande instabilidade tanto no
plano interno quanto externo. No plano interno haviam problemas das
organizações dos trabalhadores nas fabricas e nos campos e sabotagem dos
antigos técnicos. Enquanto isso, no plano externo ocorria a invasão da Rússia
por tropas alemãs e tchecas, em um movimento contrarrevolucionário que desejava
a volta do czarismo.
Em
1917, houve a tomada do poder pelos bolcheviques, esta não se deu de maneira
integral no mesmo ano. Foi somente no ano de 1920 que o Sul do território russo
houve tomada de consciência da nova política. No mesmo ano de 1917, Makhno, em
março, junto com anarquistas e socialistas fundou a União dos Camponeses de
Guliai-Pole contra Kerenski. A partir dessa união ocorreu o desarmamento da
burguesia e a força da Rada Ucraniana se reuniu contra os bolcheviques. Para
Makhno, os bolcheviques agiam de maneira hipócrita, em nome da igualdade, mas
com privilégios entre si.
Sequentemente,
Lenin no poder, fez uma aliança com Trotsky no processo revolucionário, no qual
ambos aceitaram a teoria de organização do partido leninista e a teoria da
revolução permanente. Após a tomada de poder pelos bolcheviques, iniciou,
então, um período de guerra civil. A Revolução de 1917 pôs fim à supremacia
política da burguesia, porém sem forças para alterar as relações de produção
autoritárias e com a introdução das técnicas de trabalho tayloristas. Formou-se
ainda, uma Oposição Operária por trabalhadores que participaram das revoluções
de 1905 e 1917.
Ademais,
a Revolta de Kronstadt iniciou-se em 3 de março de 1921 e teve fim em 16 de
março do mesmo ano. Ela se deu devido a situação do proletariado de Petrogrado
e teve como consequência uma ação do governo, promovendo medidas militares para
combater a revolta e instaurando o estado de sítio. Por conta de um inverno
severo em 1920/1921, houve grande falta de alimentos e um estado catastrófico
dos meios de transporte, ocasionando uma crise de abastecimento. Com relação a
questão sindical, o autor pontua que essas organizações cumpriam funções
estatais e sustentavam a ditadura do proletariado. Nesse sentido, os sovietes
surgem como um órgão revolucionário representante das classes proletárias que
busca uma transformação estrutural da sociedade.
Retomando
ainda o ano de 1917, Lenin dissolveu a Assembleia Constituinte e em 1918 foi
criada uma outra que realizava o que o líder desejava em 1905, ou seja, que a
maioria dos representantes fosse composta por proletários. Além disso, o autor
destaca a importância de se pensar no âmbito nacional do período, visto que nos
quadros do antigo império russo ocorreu uma autodeterminação com a alteração do
czarismo para URSS. Para Tragtenberg, a
Revolução Russa representou a esperança de uma nova sociedade, entretanto
possuiu uma contradição, isto é, os Bolcheviques em nome da classe
trabalhadora, colocaram nas mãos do Estado, empresas e explorações. Dessa
forma, “O socialismo de dirigentes e dirigidos não é socialismo, mas
autoritarismo burocrático” (TRAGTENBERG, 2007, p. 130). Para concluir, o autor
declara que:
“É
bem verdade que o caminho da revolução nessa direção não foi linear. Logo após
a tomada do poder, o partido introduzira o regime do comunismo de guerra, da
militarização do trabalho e da subordinação dos sovietes e sindicatos ao Estado.
” (TRAGTENBERG, 2007, p. 133).
Além
disso, como um leitor de Marx, Tragtenberg finaliza seu texto comentado a
respeito da visão desagradável que o sociólogo alemão teria a partir dos
acontecimentos da Revolução Russa:
“Felizmente
Marx morreu a tempo. Assim não pôde assistir a repressão aos operários de
Berlim Oriental, Hungria, Checoslováquia e Polônia; caso contrário, iria
denunciá-la ao proletariado mundial como fizera com a repressão a Comuna de
Paris em sua obra “A Guerra Civil na França”. Disso temos certeza. Ele não é
responsável pelo que os autonomeados “marxistas” fazem em seu nome. ”
(TRAGTENBERG, 2007, p.136)
Historiografia
A
base historiográfica sobre a Revolução Russa já passou por inúmeras
modificações em decorrência de ser um processo recente com uma quantidade de
fontes muito díspares. Nas primeiras
décadas após a Revolução, notava-se a presença forte de partidarismo, visto que
a maior parte dos escritores eram ex-participantes do período
revolucionário. Assim, as décadas que se
sucederam:
“...tanto
da Guerra Fria, como do Pós-Guerra Fria, as principais posições e tendências
historiográficas refletiam o contexto da situação em que foram escritas. Isso
vale para os escritores soviéticos, para os autores ocidentais cold warriors, para os revisionistas dos
"rebeldes" anos 1960, e os que escrevem neste mundo pós-Guerra Fria e
Pós-União Soviética. ” (SEGRILLO, 2010)
Após
o fim da URSS e da queda do muro de Berlim, ocorreu uma chamada “virada
linguística”, a qual tornou-se um desafio pós-moderno. Nesse sentido, muito dos
fatos que eram considerados como “verdades” ou “certezas” começaram a ser
questionados pela historiografia contemporânea. Por conseguinte, os números de
estudos tiveram um aumento relevante no que concerne a questões de cultura e linguagem,
como um meio para análise sociopolítica do processo revolucionário.
‘Mistério-Bufo’ e ‘O Percevejo’, de
Maiakóvski
Maiakovski nasceu no século XIX, em 1893, na Geórgia (território russo). De vida boêmia, é considerado “o poeta da Revolução”, contudo, não somente se dedicou ao oficio de poeta, mas também se inseriu no mundo das artes, sendo dramaturgo e desenhista. Com forte participação como militante do Partido Comunista, tornou-se um entusiasta da Revolução, visto que a tinha com bons olhos. Ligado ao movimento cubofuturista, utilizava frequentemente de ironia para introduzir uma crítica social. Sua morte precoce por suicídio deixou um vasto legado para reflexão e crítica a respeito do período e da arte.
Maiakovski nasceu no século XIX, em 1893, na Geórgia (território russo). De vida boêmia, é considerado “o poeta da Revolução”, contudo, não somente se dedicou ao oficio de poeta, mas também se inseriu no mundo das artes, sendo dramaturgo e desenhista. Com forte participação como militante do Partido Comunista, tornou-se um entusiasta da Revolução, visto que a tinha com bons olhos. Ligado ao movimento cubofuturista, utilizava frequentemente de ironia para introduzir uma crítica social. Sua morte precoce por suicídio deixou um vasto legado para reflexão e crítica a respeito do período e da arte.
Assim,
entre as inúmeras obras, as peças teatrais, ‘O Mistério-Bufo’ e o ‘O Percevejo’
são marcos para compreensão da vida do autor e contexto histórico. O desejo do
poeta era que ocorresse uma revisão das artes na Rússia, e ele se mostrava como
principal expoente desse movimento. Sua intenção era aproximar o teatro do
público, de forma que a Revolução pudesse alcançar todos os âmbitos da vida, em
contraposição aos clássicos Tolstói, Dostoiévski e Gogol.
Diferentemente do palco italiano e do teatro czarista, o Outubro Teatral (1917)
veio em um sentido de renovação, na qual a praça pública se tornou palco para
reflexão. Fizeram parte dele, Maiakovski e Meyerhold.
Dessa
forma, a peça ‘O Mistério-Bufo’, publicada entre o ano de 1917 e 1918, tem como
propósito exaltar a Revolução, e caracteriza a fase mais esperançosa de
Maiakovski. Sua estrutura narrativa é baseada nas parábolas bíblicas (textos
curtos e carregados de forte caráter moralista), isso pois, a religião cristã
ortodoxa era um elemento central na vida dos russos. Assim, representou uma forma
de aproximação e diálogo com o povo, sendo influenciado pela cultura do circo e
com o propósito de construção de um “homem novo”. Por conta disso, foi bem
recebida pela população em geral. Vale ressaltar, que o título faz referência
ao fenômeno que leva a alienação em massa e, portanto, um “mistério” e a figura
do homem soviético, considerado “bufo”.
Como
um leitor assíduo de Karl Marx, Maiakovski acabou se utilizando da divisão de
classes marxiana, na qual existe uma constante luta entre a burguesia e o proletariado.
Nesse sentido, o dramaturgo dividiu sua peça em personagens puros e impuros,
fazendo um paralelo, respectivamente, com os intelectuais e os trabalhadores
manuais. Em linhas gerais, a peça trata de um dilúvio propiciado por Deus em um
momento de arrependimento da criação da humanidade. Em contraposição com a
bíblia, o dilúvio de Maiakovski não tinha como objetivo acabar com todos, mas
apenas com os puros. A partir disso, tem-se a arca, que busca conduzir
sobreviventes para um mundo novo, onde se consolidou a revolução comunista. Na
arca foram colocados sete pares de impuros (explorados), visto que os sete
pares de puros (exploradores) morreram. Nessa arca não havia harmonia, já que
era pelo conflito que o autor considerava possível o surgimento de uma
consciência de classe.
Outra
peça importante para análise, é ‘O Percevejo’. Ela foi publicada em 1927 em
decorrência de uma proposta de homenagem aos dez anos da Revolução Russa, a
pedido do governo de Stalin. A peça caracteriza uma desesperança do autor
diante desse governo e do processo revolucionário. O assunto geral da ficção
gira em torno primeiramente de Prissipkin (membro do partido e com privilégios,
fazia parte de uma nova casta social e tinha casamento marcado com uma dona de
salão cabelereiro) e seu consecutivo casamento. Durante o evento, o prédio pegou
fogo e todos morreram, menos o personagem central, que acabou sendo congelado
juntamente com um percevejo. Daí o título da obra.
Na
segunda parte o autor criou um tempo futuro, no qual havia um mundo distópico
da Rússia comunista. Nele, ocorreu uma Assembleia com o objetivo de decidir
pelo descongelamento ou não de Prissipkin. A primeira alternativa foi a mais
votada e os médicos deram início ao processo. Quando perceberam que havia junto
um percevejo, esse causou grande alvoroço. Ao entrar em contato com essa nova
sociedade cientificista, o personagem sentiu grande falta de “coisas que
palpitassem o coração”. Não havia mais humanidade, amor, vida nem arte. Sua
vida terminou preso em um zoológico para exposição, como uma espécie de animal
irracional, considerando o grande medo pela revolução que causou ao voltar a
vida.
Essa
crítica de Maiakovski busca retratar uma sociedade gerada a partir das
consequências da Revolução. Nela, a razão, a ciência e as máquinas se
sobressairiam em relação a emoção, as artes e a humanidade. Por conseguinte,
ambas as peças podem ser utilizadas como fonte histórica para atividades, tanto
para a prática corporal (jogos que envolvem a teatralidade e representação),
quanto para pesquisa (como ricas fontes históricas), em sala de aula.
Propostas
Considerando os aspectos trabalhados anteriormente, pode-se materializar tal reflexão na aplicação de propostas que possibilitem, de forma eficiente e concomitante, a abordagem do teatro como fonte de linguagem e o ensino-aprendizagem de História, podendo haver – ou não - a partir de então, uma interdisplinariedade com a disciplina de Artes ou Língua Portuguesa, o que enriqueceria a atividade de forma exitosa. Pensando nisso, as propostas a seguir objetivaram um plano de atividade para que o professor possa desenvolver com os estudantes.
Considerando os aspectos trabalhados anteriormente, pode-se materializar tal reflexão na aplicação de propostas que possibilitem, de forma eficiente e concomitante, a abordagem do teatro como fonte de linguagem e o ensino-aprendizagem de História, podendo haver – ou não - a partir de então, uma interdisplinariedade com a disciplina de Artes ou Língua Portuguesa, o que enriqueceria a atividade de forma exitosa. Pensando nisso, as propostas a seguir objetivaram um plano de atividade para que o professor possa desenvolver com os estudantes.
A
partir de uma experiência, a professora-historiadora, Cláudia Pereira Vasconcelos,
autora do texto ‘O teatro como linguagem e fonte no Ensino de História|’,
apresentou uma proposta de oficina para aplicação em sala de aula. Nesse texto,
a autora pontua a importância de colocar acordos iniciais e assim desenvolver
trabalhos corporais em conjunto: “...foram realizados alongamentos,
esquentamentos, exercícios de respiração e de voz, jogos e brincadeiras que
possibilitam descontração, confiança, concentração, interação e funcionam como
uma sensibilização...” (VASCONCELOS, 2011). Buscando com isso uma discussão que
relacione arte e a memória da infância, também cabe ao professor fazer uma
breve contextualização da história do teatro desde os gregos. Assim, nessa
atividade poderia haver uma apresentação de trechos da peça (para outras turmas
ou pais), ou a tentativa de uma interpretação/paródia sobre uma das obras de
Maiakovski.
No
segundo artigo selecionado, do autor Rodrigo Seidl (professor de história e
teatro), intitulado ‘O teatro como fonte histórica no ensino e na pesquisa’, a
proposta feita para aplicação no ensino básico visa, diferente do anterior,
abordar uma esfera mais historiográfica do que corporal. Segundo ele, que
possui uma concentração de pesquisa em teatro britânico, as peças teatrais
servem como uma rica fonte para pesquisa histórica. Devido a esse pressuposto,
o professor procurou criar um clima e uma pesquisa, no qual o estudante teria a
responsabilidade de estar no papel de historiador, tendo sua devida importância
para geração de investigação e descobertas para sua própria aprendizagem. Esse
clima pode promover uma maior interação entre os estudantes e levar alguns,
inclusive, a seguir adiante e cursar uma graduação em História.
Conclusão
Em resumo o que este artigo teve como propósito foi o trabalho com o teatro, que é uma fonte historiográfica rica em informações para análise, porém pouco utilizada no contexto escolar como uma metodologia alternativa. Assim, abordar “A Revolução Russa” como sendo um dos eventos mais significativos do século XX e ensinar-aprender a partir de peças teatrais pode promover um interesse maior dos estudantes pela temática e pela disciplina de História. Contudo, a realidade escolar deve ser pensada com cautela, pois não são todas as instituições que possuem recursos necessários, seja para uma pesquisa, seja para organização de uma peça. É preciso haver elementos como disponibilidade de espaço, possível adaptação pelo professor e tempo no cronograma letivo para desenvolvimento de tal atividade.
Em resumo o que este artigo teve como propósito foi o trabalho com o teatro, que é uma fonte historiográfica rica em informações para análise, porém pouco utilizada no contexto escolar como uma metodologia alternativa. Assim, abordar “A Revolução Russa” como sendo um dos eventos mais significativos do século XX e ensinar-aprender a partir de peças teatrais pode promover um interesse maior dos estudantes pela temática e pela disciplina de História. Contudo, a realidade escolar deve ser pensada com cautela, pois não são todas as instituições que possuem recursos necessários, seja para uma pesquisa, seja para organização de uma peça. É preciso haver elementos como disponibilidade de espaço, possível adaptação pelo professor e tempo no cronograma letivo para desenvolvimento de tal atividade.
Essa
incorporação de diferentes linguagens artísticas, no caso, o teatro, para o
Ensino de História procura ampliar a visão tradicional e a busca por
conhecimento. Instigando a sensibilização, essa prática propicia um fenômeno
duplo, individual e coletivo. Tanto o estudante quanto o professor, estabelecem
uma troca de experiência mutua. Ademais, é necessário fazer uma reflexão de
como a teoria no ensino básico deve ser trabalhada de forma conjunta com a
prática. O ofício do historiador, então, seria revelado mostrando ao estudante
que mesmo havendo uma subjetividade, são necessárias metodologias cientificas
para plena análise do objeto em si. Dessa forma:
“A
proposta didática pode contribuir para uma melhor consciência por parte dos
alunos quanto à análise de cada processo social, como o teatro, por parte do
historiador e ao uso que fazemos desses processos para construir um melhor
entendimento da sociedade humana ao longo do tempo. ” (SEIDL, 2016)
Referencias
Mateus Delalibera: Discente do curso de
licenciatura em História (3º período) pela UFTM (Universidade Federal do
Triângulo Mineiro). Membro do grupo de extensão JADEH (Jogos de Aprendizagem
Dinâmica no Ensino de História), bolsista pelo PIBID e voluntário de IC.
Aline
Petri Mantovani: Discente do curso de licenciatura em
História (3º período) pela UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro).
Voluntária de IC.
MAIAKÓVSKI,
Vladímir. Mistério-Bufo. Tradução
de Arlete Cavaliere. São Paulo: Ed. 34, 2012.
MAIAKÓVSKI, Vladímir. O Percevejo. Tradução
de Luís Antonio Martinez Corrêa. São Paulo: Ed. 34, 2009
SEIDL,
Rodrigo. O teatro como fonte histórica no ensino e na pesquisa. In: XXIII ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA,
São Paulo, 2016. Anais eletrônicos.
São Paulo: UNESP, 2016. Disponível em: <http://www.encontro2016.sp.anpuh.org/resources/anais/48/1467768283_ARQUIVO_Artigo-ANPUH-2016-RodrigoSeidl.pdf.
Acesso em: 04 de dez. 2018.
SEGRILLO, Angelo. HISTORIOGRAFIA DA REVOLUÇÃO
RUSSA: ANTIGAS E NOVAS ABORDAGENS. Projeto
História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História,
[S.l.], v. 41, ago. 2011. ISSN 2176-2767. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/6535/4734>. Acesso em: 04 dez. 2018.
TRAGTENBERG,
Maurício. A Revolução Russa. São
Paulo: Editora Unesp, 2007.
VASCONSELOS,
Cláudia Pereira. O teatro como linguagem e fonte no Ensino de História. In:
XXVI Simpósio Nacional de História, São Paulo, 2011. Anais eletrônicos. São Paulo: julho 2011. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300851800_ARQUIVO_TextoANPUH2011.pdf.
Acesso em: 04 de dezembro de 2018.
Muito interessante o texto, parabéns. A relação história e arte é algo riquíssimo e essencial para que o aluno seja impactado pelo conteúdo com uma experiência sensível. Gostaria de saber, se além do teatro você já pensou em outras formas artísticas envolvendo a história e como relacionar a forma artística com dado objeto histórico.
ResponderExcluirCamila dos Santos da Costa
A gente agradece!
ExcluirEntão, eu, Aline, já tive contato com sitcom, trabalhando especificamente com "Rick and Morty" e o materialismo histórico dialético, e comecei estudos de iniciação científica sobre história e música, relacionado a Elis Regina e a ideia de progresso sobre 1964.
Eu, Mateus, abordando também a temática artística, já realizei um trabalho com a produção fotojornalista brasileira, inglesa e francesa e ainda, iniciei leituras para uma iniciação científica a respeito de Tarsila e Portinari, uma possível comparação entre ambos e o período republicano.
Nós acreditamos que é preciso ter bastante cuidado ao interpretar as fontes artísticas, levando sempre em consideração as novas interpretações historiográficas a respeito da obra e do tema em questão, realizando uma contextualização e pensando sobre dinâmicas exequíveis. Assim, é possível pensar em propostas didático-lúdicas.
*Essa comunicação foi realizada após uma proposta de trabalho de conclusão de disciplina (História Contemporânea) no curso de licenciatura em História da UFTM.
Mateus Delalibera
Aline Mantovani Petri
Boa noite Mateus e Aline Petri, muito boa a reflexão sobre o tema.
ResponderExcluirAcho muitos interessante a questão de conectar o ensino das artes, e principalmente o teatro que é uma forma de expressão artística muito rica e cheia de possibilidades, porém que muitas pessoas não tem acesso. Já vivi a experiência de assistir um peça teatral que encenava um fator histórico importante, porém de uma forma cômica e que usava linguagens muito atuais e até digitais, o que fugia um pouco da "realidade" da época que o fato acontecia. O questionamento que trago aqui é o seguinte: já que queremos ensinar História de uma forma diferenciada usando o teatro, mas ao mesmo tempo precisamos situar os alunos do conceito histórico trabalhado (sociedade, linguagem, necessidades, cultura, etc), usar a comédia, ou outras formas de encenação, que modifiquem esses conceitos, podem atrapalhar ou acabam auxiliando mais ainda a compreensão dos estudantes?
Ana Beatriz dos Santos Silva.
A gente agradece a pergunta!
ExcluirAcreditamos que seja importante aproximar a linguagem utilizada nas peças teatrais da realidade do aluno para que este consiga compreender o sentido da proposta e da própria História. A comédia, por sua vez, na nossa concepção pode ser um gênero teatral que cria vínculo e faz a(o) estudante se interessar pela disciplina. Entretanto, no ensino de História, esse gênero precisa ser utilizado com bastante cautela, visto que a linha para o erro é muito tênue e determinados conceitos precisam ser compreendidos na sua complexidade. Dessa forma, cabe ao professor realizar uma ponte entre o que está sendo apresentado e o conhecimento histórico e artístico.
Mateus Delalibera
Aline Mantovani Petri
A gente agradece a pergunta!
ResponderExcluirAcreditamos que seja importante aproximar a linguagem utilizada nas peças teatrais da realidade do aluno para que este consiga compreender o sentido da proposta e da própria História. A comédia, por sua vez, na nossa concepção pode ser um gênero teatral que cria vínculo e faz a(o) estudante se interessar pela disciplina. Entretanto, no ensino de História, esse gênero precisa ser utilizado com bastante cautela, visto que a linha para o erro é muito tênue e determinados conceitos precisam ser compreendidos na sua complexidade. Dessa forma, cabe ao professor realizar uma ponte entre o que está sendo apresentado e o conhecimento histórico e artístico.
Mateus Delalibera
Aline Mantovani Petri
ops, foi errado!
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