RELATO: UTILIZANDO A DEMOCRACIA
ATENIENSE COMO FERRAMENTA DE APRENDIZADO EM HISTÓRIA E EM INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO
Recentemente,
houve uma discussão acalorada no cenário brasileiro do ensino de história a
respeito dos conteúdos que deveriam ser ministrados em sala de aula. Uma das
grandes polêmicas se deu em torno da possível retirada dos conteúdos de
história antiga e medieval do documento chamado de Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), com a justificativa de tornar a história escolar menos
eurocêntrica. Do outro lado, a comunidade acadêmica questionava a exclusão dos
conteúdos:
“O
componente História acabou inteiramente subordinado a uma perspectiva
nacionalista, tributária de uma concepção historiográfica do século XIX. (...)
A Base, portanto, limita a pluralidade dos passados ao partir da centralidade
da ideia de nação. O sintoma mais claro disto é a omissão de temas relativos a
passados distantes, cuja análise permitiria aos estudantes refletirem acerca de
experiências diversas daquelas em que estão diretamente envolvidos, tanto
cronológica quanto geograficamente. Dessa forma, é igualmente empobrecedora,
por exemplo, a exclusão de História Antiga e Medieval, baseada na falsa
assunção de que só é possível pensar a Antiguidade e o Medievo sob o ponto de
vista eurocêntrico. É necessário colocar essas histórias em uma perspectiva
mais ampla, que inclua experiências anteriores ao século XVI, tais como a dos
povos nativos das Américas, da África e de outras sociedades, para desta maneira
permitir a construção de narrativas que justamente questionem o eurocentrismo.
O mesmo princípio se aplica à subordinação, à história nacional do Brasil, de
temas ligados a temporalidades posteriores ao século XVI.” [ANPUH, 2015]
De
fato, vemos hoje uma enorme necessidade de uma reforma abrangente nas grades
curriculares e no modelo de ensino brasileiro, entretanto, nos perguntamos se a
solução gira em torno de retirar conteúdos ou se não seria mais apropriado
reorganizá-los e aplicá-los de forma diferente em sala de aula. Deste modo,
trazemos neste texto uma breve apresentação de uma proposta de plano de aula sobre
Antiguidade Clássica que foi posta em prática com alguns sextos anos de uma
escola estadual em Curitiba durante o estágio obrigatório de minha graduação e
que visa contribuir com o debate acerca de como podemos organizar os conteúdos
de sala de aula de forma interessante e útil tanto ao ensino/aprendizagem de
história quanto ao desenvolvimento da interpretação e produção de textos.
Antes
de discorrer sobre da atividade em si, cabe explicar que a própria elaboração
deste plano de aula teve como base a identificação e busca por soluções para as
dificuldades apresentadas pelas crianças ao longo do ano, fosse nas regências ou
no acompanhamento das aulas do professor titular da disciplina. Percebi um
grande déficit de leitura e interpretação por parte dos alunos, como, por
exemplo, não conseguir compreender o que deveria ser respondido em uma pergunta
que solicitava a descrição das semelhanças e diferenças entre dois elementos ou
não identificar que quando se falava em “pirâmides egípcias e zigurates
mesopotâmicos” as pirâmides se relacionavam ao conteúdo de Egito (que eles
estavam estudando) e os zigurates ao conteúdo de Mesopotâmia (pelo qual eles
haviam acabado de passar). Além disso, havia o fator de distância entre os
conteúdos da Antiguidade que são ministrados nos sextos anos e a realidade das
crianças, e a forma como elas estavam acostumadas a recebê-lo até aquele
momento de sua escolarização – o método tradicional e fundamentado na
memorização [BITTENCOURT, 2008, p.226-228] – criava nos alunos o que Gonçalves
chamou de “resistência ou pequeno envolvimento, por não compartilharem o
sentido da relevância daquela aprendizagem” [2012, p.165]. Deste modo, meu
objetivo com o plano de aulas que será apresentado a seguir era contornar, na
medida do possível, os problemas consequentes deste panorama.
A
atividade proposta pretendia apresentar o tema da democracia ateniense do
século V a.C. e utilizá-lo como meio de compreensão do Brasil contemporâneo,
por meio de uma análise comparativa com a democracia brasileira atual. Foi significativo
que as aulas ocorreram durante o período em que se passavam as eleições de
2018, de modo que as crianças estavam em constante contato com o sistema
político brasileiro por meio da mídia e das discussões familiares.
Por
conta dos horários únicos e nenhuma aula geminada, o conteúdo ficou fragmentado
em vários dias ao longo de duas semanas, o que resultou na divisão da atividade
em três momentos ou três aulas. Na primeira aula, era realizada uma introdução
ao conteúdo de Grécia Antiga de maneira expositiva, tentando aproveitar os
mapas e imagens que o livro didático fornecia, destacando: 1) a geografia e sua
influência na formação das cidades-Estado 2) as influências externas na cultura
grega 3) a ideia de que o mundo grego não constituía um país, como é hoje, mas
sim uma série de cidades-Estado cada qual com seu próprio sistema político e
cultura, tendo em comum a língua e a religião 4) alguns dos sistemas políticos
em termos gerais: a oligarquia, a monarquia e a democracia 5) uma breve
apresentação de Esparta e Atenas, destacando que Atenas seria o tema da aula
seguinte.
Na
segunda aula, eram revisados alguns aspectos da Grécia Antiga, como a ideia de
cidade-Estado, cada qual com sua forma de governo e cultura local, afunilando
então na cidade de Atenas e seu sistema democrático. Parti dos conhecimentos
prévios dos alunos e do livro didático para preencher uma tabela no quadro
enquanto as crianças preenchiam em suas folhas de atividade e expliquei cada
uma das características exigidas na tabela. À medida que preenchia os quadros
da democracia ateniense, ia perguntando aos alunos se eles sabiam como era
aquela determinada característica da democracia brasileira atual:
Figura
1
Na última aula, as crianças deveriam responder às
questões estabelecidas por mim na folha de atividades e que serviriam como
avaliação. As perguntas deveriam obrigatoriamente seguir as informações da
tabela, pois esta era uma atividade que, além de buscar apresentar duas formas
diferentes de democracia, visava também que as crianças praticassem interpretação
de texto a partir do método dialético [BITTENCOURT, 2008, p.230-239]. Foram
apresentadas, assim, as seguintes perguntas com seu gabarito provisório:
1. Explique
com suas palavras o que é uma democracia direta e o que é uma democracia
indireta.
Aqui,
espera-se que as crianças saibam diferenciar uma democracia exercida
diretamente pelos cidadãos e uma em que os cidadãos elegem seus representantes,
os quais tomam as decisões.
2.
A participação das mulheres na política nas duas formas de democracia é igual
ou diferente? Se for diferente, explique como é diferente.
Na
democracia ateniense, as mulheres não tinham direitos políticos, enquanto na
democracia brasileira as mulheres têm plenos direitos, podendo votar e serem
eleitas.
3.
Se você pudesse criar uma outra forma de democracia, escolhendo as
características que considera mais vantajosas da democracia ateniense e da
democracia brasileira, quais características você escolheria? Escolha pelo
menos três e justifique cada uma delas.
Resposta
pessoal. Neste momento, estimularemos as crianças interpretarem as duas formas
da democracia de forma dialética, sintetizando uma resposta a partir dos prós e
dos contras que encontrarem em cada uma.
O
que nos interessa nesta comunicação é especialmente a resposta dos alunos à
atividade, portanto, meu foco será a segunda e a terceira aula, nas quais os
alunos participaram. As aulas foram ministradas em três turmas, cada uma
contando com 25 a 30 crianças entre 10 e 12 anos. Separarei dois grupos entre
elas: crianças cujo desempenho até aquele momento era mais alto e que eram
consideradas calmas, que chamarei de grupo A, e outras que eram chamadas de
“bagunceiras” e que tinham notas mais baixas, que chamarei de grupo B, o que
não corresponde à divisão das turmas da escola.
Durante
todas as três aulas, mesmo em suas partes mais expositivas, foi solicitada a
participação dos alunos, segundo o princípio escrito por Paulo Freire em ‘Pedagogia
da Autonomia’: “nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se
transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber
ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” [2002, p.15].
Foi notável que as crianças do grupo A tinham uma tendência muito menor a
responder às perguntas feitas oralmente por mim, enquanto as crianças do grupo
B se mostraram bastante participativas e menos hesitantes em responder a parte
da tabela que se referia à democracia brasileira atual, o que exigia
conhecimentos prévios. É válido lembrar que dificilmente estas crianças realizaram
uma pesquisa antecipadamente a respeito do tema, pois era comum que a maioria
sequer realizasse as tarefas de casa, portanto, elas provavelmente responderam
com conhecimentos que adquiriram em seu cotidiano. Este é um aspecto que se
mostra bastante importante, pois pode ser um indicativo de que as crianças
estavam minimamente atentas aos acontecimentos do país, e isso se torna mais
notável ainda porque muitas crianças comentaram que ainda havia muito para ser
melhorado na democracia brasileira, e isto certamente teve um papel nas
respostas da questão 3, como veremos adiante.
As
respostas das questões 1, 2 e 3 foram realizadas por escrito e com meu auxílio sobre
interpretação dos enunciados. Ainda é muito recorrente a dificuldade de
interpretação de textos das crianças, tanto no grupo A quanto no grupo B, mas o
grupo A apresentou mais dificuldades nesta atividade em particular do que em
outras realizadas ao longo do ano. Atribuo tanto isso quanto a pouca
participação na discussão oral ao fato de que em geral as crianças do grupo A
se destacam, ao menos nas aulas de história, nas atividades em que é exigida
cópia e respostas decoradas. Embora este seja um problema que atinge todos os
alunos dos dois grupos, pois ele faz parte do habitus escolar ao qual as crianças estão sujeitas [GONÇALVES,
2012, p.162], me pareceu que no grupo A isso estava muito mais enraizado.
Não
se pode dizer que uma das três questões se mostrou mais problemática em termos
das respostas, pois em todas elas houve casos de respostas fora do que foi
pedido em proporções semelhantes. A questão 3 apresentou mais dificuldades na
compreensão, provavelmente por ser um enunciado mais longo. Todavia, todos os
impasses que notei nas crianças tinham um ponto em comum, que foi a dificuldade
em contrapor ideias e realizar uma síntese, ou seja, a dialética, que era
justamente o propósito de toda a atividade e estava presente nas três
perguntas. Em ambos os grupos houve dificuldades de elaboração de frases
completas, com uma tendência de responder à pergunta como se fosse uma
conversação oral. Construir um texto a partir dos dados da tabela também se
mostrou um desafio, pois exigia que as crianças tivessem raciocínios como: se
as mulheres estavam entre os excluídos da democracia ateniense, isso significa
que elas não participavam, e se na democracia brasileira atual todos participam
(o que estava em outra parte da tabela), então hoje as mulheres também participam.
Outro exemplo foi que alguns alunos não se lembraram da explicação oral de que
a noção de democracia direta ou indireta se relacionava, no exercício, com quem
faz as leis e toma as decisões em cada modelo:
Figura
2
Neste
sentido, é importante apontar que o grupo B teve um desempenho bastante
superior à maioria das crianças do grupo A, pelos mesmos motivos dos problemas
apresentados nos dois parágrafos anteriores. Deste modo, de certa forma, as
crianças que eram mais dinâmicas – e consideradas “bagunceiras” – eram as que
sabiam lidar melhor com a contraposição de ideias, enquanto as que eram
consideradas calmas absorviam as informações de sala de aula passivamente. Vale
destacar que esta não é uma regra sobre a aprendizagem de crianças, e sim o modo
como se procedeu nesta atividade em particular, e que estas conclusões se deram
pela observação destes dois grupos ao longo de um ano.
No
que se refere ao conteúdo da democracia, no entanto, tanto o grupo A como o
grupo B parecem ter compreendido que nenhuma das duas formas de democracia
apresentadas é perfeita e que é possível criar outros modelos de democracia. Foi
notável que na questão 3, que pedia para que as crianças criassem uma terceira
forma de democracia a partir das características das duas estudadas, as
características escolhidas foram quase que com unanimidade a democracia direta,
a cidadania universal e a obrigatoriedade do serviço militar. A ideia de
igualdade e de participação se mostrou presente nas justificativas das duas
primeiras, e a questão do serviço militar quase sempre se justificou como uma solução
para a segurança pública. Isso também reflete o medo gerado pela violência na
mentalidade brasileira moderna e que as crianças também participam deste medo:
Figura
3
Figura
4
Estas respostas demonstraram a
percepção que as crianças têm sobre o mundo ao seu redor, como o desejo de
igualdade de cidadania para todos e a própria observação de que em nossa
democracia atual a igualdade prometida é descumprida.
Por
fim, considero que o saldo final da atividade foi bastante positivo, pois se
possibilitou notar os avanços de alguns alunos, também permitiu diagnosticar os
problemas de outros, de modo que são abertas portas para a solução de
problemas. Esta atividade é ela mesma fruto dos diagnósticos de diversas
atividades que foram realizadas ao longo do ano, os quais permitiram o
aperfeiçoamento dos modos de apresentar conteúdos de história em sala de aula. Também
foi importante notar como não se deve subestimar nem superestimar um grupo de
alunos por seu desempenho ou seu comportamento, uma vez que boa parte do grupo
mais silencioso e com notas mais altas teve mais dificuldades com a atividade
que as crianças rotuladas de “bagunceiras”. Cabe ainda salientar que há uma
série de outros elementos que poderiam ter sido mais explorados na atividade –
como a historicidade dos modelos democráticos, por exemplo – e que não o foram
por motivos diversos, o que deve ser suprido em ações educativas futuras.
Quanto
à forma como as crianças lidaram com o tema da democracia, considero que há
bastante espaço e interesse de compreendê-la, e que a pouca idade dos alunos
não é um fator limitador, mas sim uma oportunidade para o desenvolvimento de novas
abordagens que podem inclusive se adaptar a outros públicos. O tema estava
bastante presente e relevante na vida das crianças, que conseguiam se
identificar com aqueles conteúdos, e com isso contribuir para a discussão em
sala de aula, e assim a ideia de que ensinar “não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” [FREIRE,
1996, p.13] pôde ser posta em prática em sala de aula. A concretude desta
prática se deu, portanto, na medida em que ao escolherem a democracia direta e
com leis feitas por todas as pessoas, os alunos se mostraram preocupados com
sua participação como agentes na ação política e na história.
Referências:
Ingrid
Requi Jakubiak é granduanda de Bacharelado e Licenciatura em História pela
Universidade Federal do Paraná. O estágio sobre o qual este trabalho se refere
foi feito sob orientação da professora Nadia Gaiofatto Gonçalves.
BITTENCOURT,
Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:
Editora Cortez, 2008.
CARTA DE REPÚDIO À BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DE
HISTÓRIA, 2015. Acesso em 05 de março de 2019. Disponível em: <https://anpuh.org.br/index.php/bncc-historia/item/3127-carta-de-repudio-a-bncc-produzida-pelo-forum-dos-profissionais-de-historia-antiga-e-medieval>.
Acesso em: 05 de março de 2019.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia:
Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
GONÇALVES,
Nadia G. “Para além da reprodução: contribuições de Pierre Bourdieu para uma
reflexão sobre formação de professores para o ensino de história”. In: EntreVer, Florianópolis, v. 2, n. 2,
p. 153-171, jan./jun. 2012.
Prezada Ingrid, boa tarde.
ResponderExcluirParabéns pela sua comunicação. Excelente exposição de sua prática em sala de aula.
A falta de interpretação e organização de ideias é de fato um elemento que de fato prejudica o bom andamento das aulas de história. O letramento, por muitas vezes, é realizado de forma que não são identificadas as dificuldades dos discentes em torno da leitura, escrita e interpretação. De fato, estimular essa prática é de grande contribuição. As aulas expositivas aliadas às discussões contribuem para identificar possíveis grupos com dificuldades de aprendizagem e contribuir da melhor forma para um avanço.
Você teria outras experiências como essa para compartilhar? Relacionadas, por exemplo, como é o caso de um 6º ano, a conteúdos de Pré-História ou até mesmo sobre o Egito? Das formas de abordagem e e compreensão dessas sociedades.
Atenciosamente
Caroline de Alencar Barbosa
Boa noite, Caroline! Muito obrigada pelas considerações e pela pergunta.
ResponderExcluirMeu princípio metodológico é sempre trabalhar a prática da interpretação de texto em conjunto com o conteúdo. Embora não sejam experiências perfeitas, afinal, sou uma iniciante, achei que o feedback é sempre muito positivo e acredito que sempre vai contribuir em algo, diferentemente de abordagens de memorização. Até em aulas que eu tive que improvisar (aconteceu bastante, pois o professor titular às vezes precisava deixar a sala por estar passando por problemas de saúde) essa forma de trabalhar rendeu bastante. Em um 7º ano dei uma aula sobre Reforma Protestante só a quadro e giz, mas me aproveitei de uma análise de uma gravura que o livro didático fornecia que ajudou bastante os alunos a contraporem a situação da Igreja Católica com as críticas de Lutero, e também houve uma aula para os 6º anos sobre a separação dos Três Poderes no Brasil de hoje que envolvia muitos elementos da realidade dos alunos que permitiu que as crianças aprendessem a identificar propostas de campanha que candidatos a determinados cargos não poderiam fazer por ser atribuição de outro Poder.
Houve um caso bem emblemático da primeira atividade que eu fiz com os sextos anos, sobre a construção das pirâmides do Egito. Havia uma pergunta sobre o que as descobertas arqueológicas recentes (mostradas em aula e presentes no livro didático, o qual eles podiam consultar) haviam mudado sobre o conhecimento da construção das pirâmides. A resposta esperada seria de que talvez não tivessem sido escravos, mas sim trabalhadores pagos que construíram as pirâmides. A resposta que mais apareceu, porém, foi a de que “os escravos eram trabalhadores pagos”, o que se tornou um dilema interpretativo. Eu não sabia se considerava correta porque eles haviam percebido que os trabalhadores eram pagos ou se considerava errada ou meia certa por associar escravidão a trabalho pago, uma vez que “escravo” é um conceito muito sério e muito delicado. Discutindo com outras pessoas, considerei que as crianças haviam entendido, mas não sabiam se expressar. Então decidi pontuar a compreensão deles porém descontando para deixar clara a importância de não associar escravos a trabalho pago. Depois, busquei deixar isso claro em sala de aula na devolutiva. Uma coisa que eu notei também foi que as crianças tiveram dificuldade de compreender que os achados arqueológicos eram fontes históricas, o que me levou a preparar uma atividade de análise de fonte (aí peguei um cartão postal de uma estação de trem que se tornou um dos shoppings mais famosos de Curitiba) bem detalhada, com várias perguntas básicas sobre a data da fonte, a forma como as pessoas apareciam, que lugar era aquele etc e que no final as crianças deviam dizer o que elas haviam aprendido sobre Curitiba do período do cartão. Funcionou muito bem para as crianças compreenderem que tudo podia ser fonte histórica e terem uma ideia mais aprofundada de como usar o documento.
Atenciosamente,
Ingrid Requi Jakubiak