Paulo Iris Chaves Filho


PATRIMÔNIO E AUDIOVISUAL: UM REGISTRO DA CIDADE LIMOEIRO DO NORTE – CEARÁ


A educação é uma área do saber em que se debruçam diversas teorias, entre esses debates o conceito de aula é colocado em questão, como por exemplo, a expressão “aula como espaço de conhecimento”, utilizado pelas autoras Maria auxiliadora e Tânia Maria (2005), que compreende outras dimensões do ensinar e aprender, não apenas ligado ao espaço da sala de aula. Vivenciando a escola, percebemos que o ensino e aprendizagem escolar ainda hoje é muito focada nos momentos em sala de aula, colocando sobre responsabilidade do educador o processo de aprendizagem dos alunos, criando a noção do professor apenas como transmissor de conhecimento e limitando a capacidade dos alunos, os colocando como sujeitos passivos.
No livro ‘Psicologia da Aprendizagem: Processos, teorias e contextos’, as autoras Ana Ignez Belém Lima Nunes e Rosemary do Nascimento Silveira trazem diversos autores e suas teorias relacionadas a aprendizagem. Apropriando-se da teoria do doutor em psicologia Jerome Bruner, a aprendizagem exige a “participação ativa do aluno, que lhe permite aprofundar e contextualizar os conhecimentos, construir e verificar hipóteses”, sendo o professor o sujeito que “facilite a investigação, experimentação e descoberta por parte do aluno” no processo de aprendizagem. Assim, cabe ao professor conhecer as diversas subjetividades dos alunos e adequar suas metodologias, linguagens e conteúdo para melhor compreensão, e possibilitar o desenvolvimento das capacidades criativas e intelectuais, entendendo enquanto sujeitos ativos no seu processo de conhecimento e aprendizagem.
A intensão desse texto é sintetizar o que desenvolvemos com o projeto de produção de um audiovisual sobre patrimônio, visando a aprendizagem através da produção de um conhecimento autônomo, ou seja, em que o aluno seja protagonista em seu processo de aprendizagem, mesclando teoria e prática através de uma questão de partida. Utilizando a aula como oficina, a atividade fora aplicada pelos estagiários da cadeira de Estágio II – Ação educativa patrimonial e bolsistas da Residência pedagógica da UECE/FAFIDAM de Limoeiro do Norte - Ceará, no segundo semestre de 2018, somando 9 graduandos, que atuaram com uma turma extra sala de aula, em contra turno, na Escola de Ensino Médio Lauro Rebouças de Oliveira, coordenados pelo docente da escola, professor Everaldo. Por ser um projeto extra sala de aula e em contra turno, foi aberto a inscrição aos alunos interessados, na qual conseguimos a adesão de 10 discentes das turmas de primeiro ano. O projeto foi intitulado curtindo um curta. Mediante isso, foi escrito pelos graduandos e estagiários um relatório como exercício de sistematização do trabalho desenvolvido. E o presente resumo é parte da sistematização do trabalho realizado com a turma de ensino médio.
Inicialmente discutimos e trabalhamos com os alunos o conceito de patrimônio e conceitos relacionados, como memória, identidade e cultura, sempre usando de materiais como vídeos e imagens para trabalhar tais conceitos, e sempre buscando relaciona-los com seus conhecimentos e experiências, trabalhando com situações de seus cotidianos que expressassem elementos dos conceitos apresentados, para que os alunos compreendessem os seus significados através de uma associação do conteúdo e exemplos fornecidos, e de suas experiências individuais, possibilitando a construção de um conhecimento significativo.   
Partindo disso, a ideia proposta era a elaboração de uma aula de campo, na qual iriamos passar por alguns dos principais patrimônios do centro da cidade de Limoeiro do Norte, e lá fazer uma breve explicação dos seus contextos históricos, com o objetivo que os alunos usassem de seus celulares para gravar e tirarem fotos dos locais visitados e momentos de nossa aula para assim fazermos a produção de um vídeo curta, ao estilo documentário, sobre os patrimônios do centro da cidade de Limoeiro do Norte. Para isso, ministramos também aos alunos uma oficina sobre produção de vídeo, dando dicas para a gravação de boas imagens e falando sobre a edição de vídeos, como se compõe um vídeo e áudio, e o básico de como sua edição é feita.
Para a execução do planejamento, selecionamos os locais de visita em nossa aula, focando nos espaços mais antigos da sede: a Feira Livre de Limoeiro; o Mercado Público; o Rio Jaguaribe, que banha a região; a Academia Limoeirense de Letras; o Centro Vocacional Tecnológico (CVT); a Câmara municipal e a FAFIDAM. Posteriormente dividimos os Locais selecionados entre os alunos do projeto e os estagiários, sendo cada aluno responsável por registrar imagens e vídeos do seu local, e responsável por elaborar uma pequena narrativa sobre esses locais, para compor o áudio de nossa produção, instigando aos alunos a investigação de outras fontes para obtenção de informações e as relacionando com os conteúdos e explicações presentes em nossa aula de campo, para desse modo ligarem as imagens gravadas por eles no vídeo com outras fontes, e também foram divididos os os estagiários responsáveis por cada local, para auxiliarem os alunos na elaboração da narrativa.
Tratando-se do vídeo, foi primeiramente pensado o determinado o estilo de vídeo que se pretendia, para desse modo as gravações serem guiadas para se obter os tipos de imagens que se pretendia. Como já citado anteriormente, o estilo de vídeo que se pretendia era um curta no estio documentário, visando também através dele se fazer um relatório da nossa aula de campo. Através do direcionamento já feito aos alunos para a gravação das imagens, elas foram gravadas através de vídeos e fotos, e depois reunidas para edição. Na edição foi pensada a narrativa do vídeo, introduzindo o vídeo com imagens antigas da cidade de Limoeiro do Norte com a narrativa em áudio questionando ao espectador os seus conhecimentos sobre a história da cidade. Partindo disso, organizamos as imagens por ordem dos locais visitados em nossa aula de campo, criando uma mesma narrativa, e acrescentamos uma imagem antiga de cada local visitado, seguida pelas fotos e vídeos gravados pelos alunos, visando estabelecer relação passado e presente, e ao mesmo tempo, com as informações e historicidade daqueles locais sendo expostas ao expectador por áudio.
Como resultado final, o nosso material audiovisual produzido possui o tempo total de 12 minutos e 20 segundos, com imagens antigas de Limoeiro do Norte, e com fotos e vídeos de todos os locais propostos no roteiro da nossa aula de campo sobre patrimônio, assim como também contém algumas informações em áudio de todos os locais visitados, fruto da pesquisa dos alunos e estagiários do projeto. O material será utilizado no blog da disciplina de estágio e também já foi utilizado em aula também sobre patrimônio na escola do Bixopá, comunidade rural da cidade de Limoeiro do Norte.
Esse projeto buscou que os alunos estudassem um pouco, através dos patrimônios, algumas das experiências coletivas do passado, e que são ainda atuais, e seus significados no município de Limoeiro do Norte, possibilitando a esses alunos se inserirem no processo histórico, proporcionando o reconhecimento enquanto sujeitos histórico, e fornecendo uma dimensão temporal a realidade que vivem e estabelecendo relações entre passado e presente. E a possibilidade da gravação dessa produção permite seu arquivamento e possibilita que este material esteja disponível a demais públicos, pensando no papel ativo do espectador, considerando o material produzido como integrante de demais membros da sociedade ao conhecimento histórico e cultural de sua localidade.

Referências:
Paulo Iris Chaves Filho é graduando do curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus Limoeiro do Norte e bolsista pelo programa de Residência Pedagógica da Capes. Subprojeto coordenado pela Profa. Dra. Ivaneide B. Ulisses.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. GARCIA, Tania. A formação da consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de história.
BITTENCOUT, Circe Maria Fernandes. Uso didático de documentos e documentos não escritos na sala de aula. In: Ensino de História: fundamentos e métodos.
NUNES, Ana Ignez Belém Lima Nunes. SILVEIRA, Rosemary do Nascimento. Psicologia da Aprendizagem: processos, teorias e contextos. 3. Ed. – Brasília: Liber Livro, 2011.




5 comentários:

  1. Olá Paulo. Gostei do seu texto/relato e percebo que vc tem muito ainda a escrever. Sobre a produção do vídeo como foi elaborar? Quais das etapas foi mais complicada? Perceber a produção do vídeo como uma ferramenta nas aulas de História? Como? Gostaria de ler mais sobre o que sistematiza... abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Ivaneide. A produção do vídeo foi uma experiência muito boa. A etapa mais complicada foi o momento de pesquisa dos patrimônios da cidade, pois em alguns casos as fontes eram bem reduzidas, e o momento de edição do vídeo, pois o muitas gravações não estavam em boas condições e os vários cortes no momento da edição dificultou o trabalho. Sim, a produção do é uma ótima ferramenta para o ensino de história pois possibilita além do conhecimento dos patrimônios locais, um conhecimento da história local, possibilitando um reconhecimento dos alunos enquanto sujeitos históricos, além de também os levar ao contato com fontes históricas.

      Excluir
    2. Olá Ivaneide. A produção do vídeo foi uma experiência muito boa. A etapa mais complicada foi o momento de pesquisa dos patrimônios da cidade, pois em alguns casos as fontes eram bem reduzidas, e o momento de edição do vídeo, pois o muitas gravações não estavam em boas condições e os vários cortes no momento da edição dificultou o trabalho. Sim, a produção do é uma ótima ferramenta para o ensino de história pois possibilita além do conhecimento dos patrimônios locais, um conhecimento da história local, possibilitando um reconhecimento dos alunos enquanto sujeitos históricos, além de também os levar ao contato com fontes históricas.

      Paulo Iris Chaves Filho

      Excluir
  2. Oi, Paulo, texto bom! gostaria que você esclarecesse acerca do acolhimento dos alunos, na proposta de gravar um vídeo, foi aceita na primeira vez? Houve algum contra tempo?

    -Caroline Souza Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Caroline. Os alunos aceitaram bem a ideia de produção do vídeo, houve apenas um certo receio no início por parte deles por nunca terem trabalhado com a produção de um vídeo, e por não saberem editar, mas os informamos que teríamos oficinas de instrução para a produção e edição de vídeo, e que nós, estagiários, estaríamos auxiliando o tempo todo.

      Paulo Iris Chaves Filho

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.