“ESCOLA SEM
PARTIDO” E A “IDEOLOGIA DE GÊNERO”: PÂNICO MORAL E ATAQUE À EDUCAÇÃO PÚBLICA
BRASILEIRA
O Programa “Escola Sem Partido”
(ESP) é capitaneado pelo advogado Miguel Nagib (BEDINELLI, 2016) que, em
diversas intervenções públicas tem se colocado como um ativista no combate ao
que ele e seus congêneres chamam de “doutrinação política e ideológica na
sala de aula” e “usurpação do direito dos pais sobre a educação moral e
religiosa de seus filhos”,
principalmente nas escolas e universidades
públicas. Além disso, buscam defender o homeschooling,
projeto que divide parte da sociedade e das autoridades políticas (IDOETA, 2018;
RAMALHO, 2018; GUIMARÃES, 2019). Assim e tendo como ponto de partida o Programa Escola Sem Partido, cujo
projeto busca alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), censurar e
criminalizar a atuação docente (PENNA, 2016; FRIGOTTO, 2017), neste artigo,
busco refletir sobre a atual conjuntura de ataques aos princípios democráticos
da educação pública através da tentativa de criminalização de saberes voltados
à inclusão da diversidade étnico-racial/gênero/sexual no repertório
pedagógico.
Programa
Escola Sem Partido
Segundo o professor Fernando de Araújo Penna (2016),
que também é uma das vozes do movimento “Professores Contra o Escola Sem
Partido” o ESP surgiu no Rio de Janeiro, em 2015, a partir da articulação entre
o deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador, e o advogado e coordenador
do ESP, Miguel Nagib. O projeto de Lei nº 2974/2014, foi apresentado à
Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 15 /05/2014. Por
sua vez, o vereador do munícipio do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro,
apresentou o mesmo projeto, com poucos ajustes, em 03/06/2014 (PL 867/2014). O
principal lema desse movimento é: “por uma lei contra o abuso da liberdade de
ensinar”. Isto é, um movimento que se iniciou no Rio de Janeiro, vem ganhando
força de maneira que projetos similares se espalham por todo o país, conforme
elenca o blog “Pesquisando o Escola sem Partido”. Em 2015, o
deputado federal Izalci (PSDB-DF) apresentou o PL 687, que objetivava a
inclusão, na LDB, do ESP. Em 2016, o senador Magno Malta (PR/ES) apresentou o PL
193 que buscava implementar o ESP em nível nacional. Todavia, em novembro de
2017, o mesmo retirou o projeto de tramitação.
Em 29 de maio
de 2017, a Câmara Municipal de Niterói (MOURÃO, 2017), recebeu audiência
pública sobre o ESP. O vereador Tarcísio Motta (PSOL), foi
um dos debatedores contrários a aprovação do projeto. Deve-se ressaltar que,
naquela ocasião, o ministro do STF, Roberto Barroso, tinha concedido uma
liminar (21/3/17), que suspendia na íntegra a “Lei da Escola Livre”, aprovada
pela Assembleia Legislativa de Alagoas. Tal lei, apesar do nome, determinava a
“neutralidade” dos professores e previa punição a quem manifestasse opinião em
sala de aula. Assim, em Niterói, o projeto foi arquivado. Por conseguinte, em 12 de novembro de
2018, o Governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) emitiu um decreto contrário
a tentativa de cerceamento da prática docente, a partir do artigo 206 da Constituição
Federal. Semelhantemente, O Conselho Estadual de Educação no Ceará, publicou no
Diário Oficial do Estado (DOE-26/12/18), uma resolução garantindo liberdade de
expressão e de ensino ao professor e que toda tentativa de gravar, filmar e
fotografar aulas na intenção de violar direitos, estão proibidas.
Por seu turno, uma das defensoras do ESP,
Ana Caroline Campagnolo, eleita deputada estadual em
2018 (PSL-SC), em sua página no Facebook, incitava os alunos a gravar e
denunciar professores/as que estivessem praticando “doutrinação”. Após
denúncias, o Ministério Público de Santa Catarina entrou com uma ação contra ela.
Porém, no último dia 24/01/2019, a desembargadora Maria Santa Ritta suspendeu a
liminar que a proibia de usar suas redes sociais para incitar os alunos. A principal tática é fazer com que alunos e pais usem um
“modelo de notificação extrajudicial” contra a chamada “doutrinação”. Isso não
tem um valor efetivo legal, mas, instaura uma autocensura e incita a escola a
controlar, ainda mais, os docentes. Por sua vez, o ministro Luiz Edson
Fachin (D’AGOSTINO, 2019), suspendeu a decisão da desembargadora, reativando a liminar
anterior. Como diz Foucault, “a impressão de que o poder vacila é falsa,
porque ele pode recuar, se descolar, investir em outros lugares [mas] a batalha
continua” (1979, p. 146). Deste modo, para proteger e
instruir os docentes como agir em situações de assédio e censura, a ANDES-SN
(2019), disponibilizou duas cartilhas que abordam a perseguição aos docentes em
sala de aula: Liberdade de cátedra, de
ensino e de pensamento e Manual de
Defesa contra censura nas escolas.
‘Ideologia de gênero'
Um elemento força desse projeto é o
combate a “ideologia de gênero”. Tal prerrogativa se tornou o eixo de atuação e
aliança política entre segmentos religiosos distintos e até díspares entre si. Católicos,
evangélicos e espíritas, apesar das discordâncias doutrinárias e de práticas,
se aliaram em defesa de um modelo de família que estaria sendo ‘destruída’
pelos movimentos feminista e LGBT. Assim, o principal alvo é combater o
casamento homoafetivo; a criminalização da homofobia; a implementação de políticas
de saúde pública pró-aborto e igualdade de gênero.
O termo “ideologia de gênero” surgiu
na produção dos discursos de clérigos católicos como uma reação ao uso do
conceito de gênero em acordos internacionais como a IV Conferência das Nações
Unidas sobre a Mulher em Beijing (1995). Intelectuais laicos e lideranças
religiosas católicas “cunharam a noção de ‘ideologia de gênero’ para sintetizar
o que compreendem como divergência entre o pensamento feminista e seus
interesses” (MISKOLCI, 2018, p. 4). Efetivamente, o termo se popularizou a
partir do pronunciamento de autoridades cristãs como, até então, do Cardeal
Joseph Ratzinger (1997), ao dizer que o gênero contradizia o catolicismo e
forjava uma nova antropologia, uma (re)definição do humano (MISKOLCI; CAMPANA,
2017, p. 726). Em 1998, essa terminologia se disseminou na Conferência
Episcopal da Igreja Católica do Peru, sob o tema: “A ideologia de gênero: seus
perigos e alcances”. Ainda em 1994, um documento intitulado “Evangélicos
Y católicos juntos: La misión Cristiana em el tercer milenio” foi publicado e
assinado por autoridades católicas e evangélicas norte-americanas que buscavam combater
a secularização que ameaçava enfraquecer as igrejas nas sociedades
desenvolvidas. Desde então, na pauta de caráter moral, esses grupos se aliam
numa espécie de ecumenismo intrarreligioso na manutenção da ordem social que
sustenta suas hierarquias eclesiásticas.
Em
2010, o advogado argentino, Jorge Escala, publicou o livro La ideología del género. O el género como herramienta de poder, traduzido
para o português como Ideologia
de gênero: neototalitarismo e a morte da família,
em 2017. Segundo Miskolci e Campanha, para este autor, a “ideologia de gênero”
é uma espécie de instrumento político-discursivo de “alienação com dimensões
globais que busca estabelecer um novo modelo totalitário com a finalidade de
“impor uma nova antropologia” a provocar a alteração das pautas morais e
desembocar na destruição da sociedade (2017: 725). Em vista disso, os agentes que atuam contra a chamada “ideologia de gênero”,
majoritariamente
“são religiosos,
dentro da Igreja Católica, de vertentes religiosas neopentecostais, seguidores
laicos dessas religiões, pessoas que se engajam na luta por razões simplesmente
éticas, morais e/ou políticas as mais diversas e não são necessariamente da
sociedade civil, mas podem atuar dentro de instituições e até mesmo do governo”
(MISKOLCI, 2017, p. 730).
O movimento catalisado pelos agentes da
“ideologia de gênero” não acontece somente no Brasil, passa pela Europa e
também por outros países da América Latina como Chile,
Costa Rica, Peru, tema abordado pelo documentário Género Bajo ataque. Se valendo de um exército de
pessoas convertidas, convencidas e comprometidas com o que eles denominam de
“trazer o governo de Deus à terra”, muitos
desses agentes, no Brasil, tem produzido literatura que doutrina seus adeptos.
Por exemplo, o livro Plano
de poder: Deus, os cristãos e a política, lançado em 2018, pelo Bispo Edir
Macedo. Nele, o autor explica como os evangélicos devem agir para ocupar o seu
lugar na política de modo a modificar e ‘santificar’ a sociedade brasileira. No entanto, apesar da maioria dos segmentos religiosos serem
contra o aborto, Edir Macedo mantém uma posição favorável. E isso não parece
impedir que o seu discurso tenha tantos adeptos.
De
modo similar, tem-se o livro Sete Montes,
do boliviano Fernando Guillen, lançado na Igreja Batista da Lagoinha, da
família Valadão, em Minas Gerais, em 2009. A partir de uma releitura dos textos
do Antigo Testamento, o autor desenvolve uma metáfora para elaborar um manual de
como a igreja deve agir para conquistar e dominar a sociedade implantando um
governo teocrático. Para isso, ele nomeia os 7 montes como sete áreas da vida
social, a saber: artes e entretenimento; mídia e comunicação; governo e
política; educação e ciência; família; economia e negócios; igreja e religião. Não
é por acaso que boa parte dessas denominações neopentecostais e católicos, no
Brasil, busquem comprar horários na tv (ou adquirir canais próprios).
De
fato, esses autores com seus discursos e pronunciamentos buscam sistematizar como os evangélicos devem se aproximar
e tomar o poder político. Logo, é perceptível que as áreas mais sensíveis e
abertas a essa incursão é a mídia e a educação. Não é por acaso
que a ministra Damares Alves, que é pastora na igreja da Lagoinha, declarou que
“é o momento da igreja governar“ e que “meninos vestem
azul e meninas vestem rosa”. Essas falas não podem ser entendidas como meras
expressões anedóticas, de fato, elas expressam uma visão de mundo avessa a toda
e qualquer tentativa de expansão de direitos e cidadania às populações
excluídas e marginalizadas. Conforme analisado por Leonardo Nascimento (2015),
os discursos estão conectados, ligados e são possibilitados por relações
socioculturais e ideológicas, por isso, não podemos analisá-los fora desses
enquadramentos discursivos. Apesar da sexualidade ser normatizada e interditada
pelo discurso religioso-fundamentalista, este “precisa se articular
estrategicamente a outros discursos, que não são necessariamente coerentes
entre si” (NASCIMENTO, 2015, p. 88; LOURO, 2009).
Conforme
tenho argumentado, a educação pública, precisamente desde 2004, se tornou o
alvo privilegiado dos ataques à democracia brasileira. Desta maneira, uma cisão
está posta, de um lado, os educadores e educadoras defensores
de uma expansão democrática, a partir da inclusão da diversidade no repertório
pedagógico, (como o projeto de Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que
torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em
todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino
médio) e, do outro, grupos sociais, defensores de uma histórica concepção de
família, moralidade e de um ideal de
“nação”.
Como
exemplo, temos o embate em torno da aprovação do Plano Nacional de Educação
(PNE) para o decênio 2011-2020. O mesmo só foi aprovado em 2014, isto é, com 3
anos de atraso, porque deputados conservadores se opuseram ao texto do inciso
III do artigo 2º que deliberava sobre a “promoção da igualdade racial,
regional, de gênero e orientação sexual”. Jair Bolsonaro (PP), Marco Feliciano
(PSC-SP), Pastor Eurico (PSB-PE), defenderam a exclusão deste texto sob o
argumento de o mesmo ser um ataque a ‘família tradicional’ a “moral e os bons
costumes”. Por sua vez, Angelo Vanhoni (PT-PR), relator do PNE, Erika Kokay
(PT-DF) e Jean Wyllys (PSOL-RJ), se colocaram em defesa do texto evocando argumentos
favoráveis ao Estado democrático, de direito, igualitário e laico.
Assim
sendo, a concepção de “ideologia de gênero” se popularizou no Brasil a partir
de 2011, quando o STF equiparou as uniões homoafetivas ao casamento
heterossexual. No mesmo período, o debate sobre o material didático do programa
“Escola Sem Homofobia”, chamado vulgarmente de “kit gay”, fez com que a
presidente Dilma Rousseff vetasse sua distribuição. (VITAL e LOPES, 2013), além
disso, a presidente, em nome da governabilidade, declarou que o seu governo “
não faria propaganda de opção sexual” e acabou cedendo à presidência da
Comissão de Direitos Humanos ao deputado e pastor Marco Feliciano, que se tornou uma voz
contrária ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de
LGBT, em 2013, mesmo ano que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma
resolução, de autoria do ministro Joaquim Barbosa, determinando os cartórios do
país a celebrar o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em
casamento.
Mediante
o exposto, pode-se localizar a emergência dessa expressão fantasmática que
assombra a educação pública e alimenta um pânico moral em nossa sociedade. Expressão
sociológica, o “pânico moral” pode ser definido como “o consenso, partilhado
por um número substancial de membros de uma sociedade, de que determinada
categoria de indivíduos ameaça a sociedade e a ordem moral” (MISKOLCI, 2007, p.
112). Assim, a atuação dos ideólogos e militantes do ESP se dá em três frentes:
religião, política e a educação sexual. No primeiro, acusam a escola, e
principalmente os professores das humanidades como agentes do “ateísmo”, e com
isso, algumas iniciativas de legisladores buscam reinserir na escola pública o
ensino confessional e impor a leitura da Bíblia. Um exemplo é o vereador
“Pastor Jorge” (PSC) que, em Roraima (2017), apresentou um projeto que obrigava
a leitura da Bíblia antes do início das aulas nas escolas de Boa Vista,
capital. Recentemente, o Deputado Pastor Sargento Isidório (AVANTE-BA)
protocolou um projeto com o tema: “declarar a Bíblia Sagrada como patrimônio nacional,
cultural e imaterial do Brasil”; em sua justificativa, ele alega que por ser “a
palavra de Deus”, a mesma o ajudou a deixar de ser homossexual. Em outras regiões
do país, tem ocorrido ações similares. Em 05 de junho de 2017, algumas escolas
de Porto Seguro, Bahia, após a aprovação de um decreto elaborado pela Câmara de
Vereadores do Município, passaram a ter leituras diárias da Bíblia. O projeto
foi formulado pelo vereador Kempes Rosa, o mesmo alegou que a leitura diária de
trechos bíblicos “transmite valores importantes para a formação do cidadão”
(G1, 2017).
No segundo tema, há uma vigilância e ataque a tudo
que possa ser visto ou entendido como um projeto de “esquerda” de modo que,
toda e qualquer discussão com viés crítico das relações de produção de
riquezas, de consumo, proteção ambiental, acesso e expansão da cidadania, são
alvo de suspeição e até de ações jurídicas, limitando e cerceando a atuação pedagógica. Nesse front,
o ensino de História tem sido alvo de ataques ao abordar temas como Nazismo,
Revolução Russa, escravidão e ditadura militar. Numa tentativa clara de dobrar
e obliterar esses acontecimentos históricos à uma perspectiva revisionista
(MELO, 2014; SENA JÚNIOR et al, 2017) que justifica as violências e
arbitrariedades praticadas pelos grupos dominantes que atuaram nesses
acontecimentos, como a Negação do Holocausto;
justificativa da escravidão e a mais cara a nossa memória recente, dizer
que a Ditadura Militar foi uma ‘ditabranda’ etc. E, por fim, temos a maçã de
ouro do ESP que é a educação sexual, em que toda discussão sobre identidade e
igualdade de gênero e orientação sexual são entendidas como ações dos agentes
de um suposto “marxismo cultural”.
Assim, em
Roraima, o prefeito de Ariquemes, no Vale do Jamari, no ano de 2017, mandou
retirar “todas
as páginas de livros didáticos que falassem ou mostrassem diversidade sexual,
casamento homossexual ou uso de preservativos (CARLOS, 2017), colocando em
suspeição todo um longo e complexo processo pedagógico de produção desse conteúdo.
Como apontara Foucault (1988, p. 114), nas relações de
poder, a sexualidade não é o elemento mais rígido, porém, é um dos mais
maleáveis, que permite ser instrumentalizado e utilizado no maior número de
manobras políticas, sociais e religiosas. Logo, uma narrativa que fala de
‘proteger’ nossas crianças de uma suposta ameaça ‘marxista e gayzista´, acaba
arregimentando muitos adeptos, que ficam presos na superfície desse discurso.
Entretanto,
precisamos reconhecer que o espectro político e religioso não é uníssono como
possa parecer. Essa fantasia dialética acionada pelos ativistas do ESP que coloca religiosos
de um lado e feministas e LGBTs de outro, camufla que ambos os segmentos são
multifacetados. Um exemplo é o surgimento das igrejas inclusivas no Brasil,
desde 2002 (SILVA, 2017 e 2018), assim como o movimento diversidade católica e as
reflexões de teólogas feministas/católicas como a brasileira Ivone Gebara e a
espanhola Teresa Focardes sobre direito reprodutivo e igualdade de gênero.
Como combater a ‘ideologia de gênero’?
Judith Butler (DEMETRI, 2019) é enfática
ao defender que é preciso combatermos essa tentativa reacionária de
silenciamento. Mas, mediante a esse cenário tenso, volátil e político, como podemos
frear essa tentativa de censura escolar enviesada pelo pânico moral?
1º É preciso mostrar que discutir gênero e
sexualidade na escola não é sinônimo de ensinar sexo à crianças. Pois a
educação sexual é uma arma potente no combate a violência sexual e de gênero no
espaço familiar, conforme matérias publicadas na Folha de Londrina (2017), Gazeta
Online (2018). Inclusive, quando o assunto é abordado com clareza, boa
parte da sociedade brasileira é favorável à educação sexual no âmbito escolar (G1, 2019).
2º Indagar o que seria “abuso da liberdade de
ensinar”? É desmontar essa narrativa a
partir de um diálogo claro e aberto com a comunidade e mostrar que esse slogan
é anticientífico. Assim, chamar os pais para participar da vida de seus filhos,
ainda é a melhor maneira de afastar esse fantasma.
3º Precisamos defender e mostrar que a laicidade é um
valor democrático e que a tentativa de cristianização compulsória, é
equivocada. Exemplos históricos não faltam!
Com
efeito, o ESP tem obtido êxito na medida em que conseguiu convencer boa parte
da opinião pública de que os professores - até então vistos como parte da
solução do combate à desigualdade social a partir da educação pública-, são
algozes, agentes ‘infiltrados’ que perturbam a ordem social. Além do
desprestígio social que ronda nossa profissão, mães e pais que nunca foram em
reuniões escolares, são instrumentalizados a fiscalizar e interrogar diretores,
professores e coordenadores sobre o tipo de conteúdo que será ministrado.
O
que pode parecer uma preocupação legítima e atenta dos pais à formação de seus
filhos, em verdade, instaura um pânico social e limita a atuação docente que é
precarizada. Por
isso, não nos enganemos, os ideólogos do ESP não estão interessados numa
pedagogia plural e emancipadora, pelo contrário, um dos seus objetivos é
expandir uma educação estritamente tecnicista, apta ao mercado profissional. Mas,
diferenciada entre os que devem e não devem participar de uma universidade
pública (BARCA, 2017).
Referências
Natanael de Freitas Silva é doutorando em História
pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPHR/UFRRJ/CAPES). É Graduado
e Mestre em História pela mesma instituição. Também atua como
professor/mediador no Projeto Praça da Ciência Itinerante (PCI/CECIERJ)
ministrando cursos de formação e capacitação para docentes da educação básica.
É Membro do LabQueer – Laboratório de estudos das relações de gênero,
masculinidades e transgêneros/UFRRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Fábio Henrique
Lopes. Desenvolve pesquisa sobre masculinidades e relações de gênero no Brasil
dos anos 1960-70 com a tese intitulada: Masculinidades disparatadas: Secos e Molhados e Dzi Croquettes. E-mail:natanaelfreitass@gmail.com
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provisória que permite ensino domiciliar jpa está pronto, diz ministra Damares
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em:<https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/texto-de-medida-provisoria-que-permite-ensino-domiciliar-ja-esta-pronto-diz-ministra-damares-alves-23401384>Acesso em
05/02/19.
GUSTAVO,
Túlio. Como eu descobri o plano de dominação evangélico- e larguei a igreja. Theintercept_Brasil. 01/02/19.
Disponível em:< https://theintercept.com/2019/01/31/plano-dominacao-evangelico/> Acesso em 06/02/19.
MODELO
DE NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. Disponível em: http://www.escolasempartido.org/artigos-top/552-modelo-de-notificacao-extrajudicial-arma-das-familias-contra-a-doutrinacao-nas-escolas
Acesso em 07/02/19.
G1. Maioria da população é a favor da
educação sexual e da discussão de política nas escolas, diz Datafolha.
07/01/19. Disponível em:< https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/01/07/maioria-da-populacao-e-a-favor-da-educacao-sexual-e-da-discussao-de-politica-nas-escolas-diz-datafolha.ghtml> Acesso em 07/02/19.
MOURÃO, Giovanni. Protesto em audiência sobre “Escola
sem Partido” em Niterói. OFluminense.29/05/2017.
Disponível em: <
http://www.ofluminense.com.br/pt-br/política/protesto-em-audiência-sobre-escola-sem-partido-em-niterói> Acesso em 05/02/19.
NAGIB, Miguel. Coordenador do Escola
Sem Partido. Disponível em:<https://www.programaescolasempartido.org/movimento>Acesso em 05/02/19.
PESQUISANDO O ESCOLA SEM PARTIDO. Disponível em<https://pesquisandooesp.wordpress.com>
Acesso em 05/02/19.
RAMALHO, Renan. STF decide que pais
não podem tirar filhos da escola para ensiná-los em casa. G1, 12/09/18. Disponível em:< https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/09/12/stf-decide-que-pais-nao-podem-tirar-filhos-da-escola-para-ensina-los-em-casa.ghtml> Acesso em
05/02/19.
Boa tarde, parabéns pela abordagem de um tema tão atual e que vem dificultando ainda mais a atuação dos professores na rede de ensino.
ResponderExcluirSabemos que depois que a ESP passou a ser cogitada, mais que nunca, alguns temas passaram a se tornar mais delicados de serem abordados em sala de aula, temas referentes a gênero, como foi apontado, temas políticos como as ditaduras militares na Amélica latina, Revoluções Socialistas que fizeram parte do cenário do século XX e entre outras. Com base na sua pesquisa, quais formas de combate o professor pode adotar para ir contra esse impasse referente ao debate de alguns temas e também a intimidação de ter sua imagem divulgada nas redes sociais, como frequentemente tem acontecido ?
Ismael Lacerda Brasileiro.
Olá, Ismael,
Excluiragradeço pela pertinente questão.
Essa é uma das principais questões que tenho enfrentado em minha prática docente e em outras mesas de discussão sobre o tema "gênero e sexualidade". A princípio, penso que ao invés de iniciarmos um debate dizendo que vamos abordar a perspectiva de gênero, pois as vezes pode ter alguma rejeição, penso que o caminho profícuo é abordarmos a dinâmica das relações entre homens e mulheres no tempo, levantar questões sobre o papel de cada um numa dada sociedade, indagar sobre a atuação e limites de cada uma dessas identidades no espaço público e privado. Um caminho possível é recorrer de questões contemporâneas para questões no tempo passado. O que eu já fiz foi discutir masculinidade, no ensino médio, a partir da imagem de jogadores de futebol em diferentes momentos como nos anos 1970, vide o Garrincha, e atletas que são ícones de moda como Cristiano Ronaldo e Neymar. Isso permite que o público discente comece a indagar e reconhecer as múltiplas formas de ser homem. Isso vale para pensar feminilidade, como os ícones de moda feminina dos anos 1950 e na atualidade. Assim, podemos atender uma demanda que a própria escola e/ou os alunos nos interpelam. E no nível institucional, cabe ter o suporte da coordenação e apoio da direção escolar, caso contrário, infelizmente, há movimentos que tentam censurar nossa atividade docente. Pode-se ainda recorrer ao grupo dos professores contra o ESP, que oferece consultoria e indica caminhos para preservar nossa liberdade de cátedra.
Natanael de Freitas Silva
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ResponderExcluirExcelente e pertinente texto! Entender de onde surgiram a ESP e a "ideologia de gênero" é importante para compreender seus ideais e prerrogativas, e assim criar mecanismos para combate-las.
ResponderExcluirSobre esse tema, meu questionamento é: como agir e ter esperança de melhora em um contexto onde os professores são tão mal vistos e que a educação não é valorizada?
Isabelly Pietrzaki Pereira
Bom dia, Isabelly,
ExcluirEntão, essa é uma qeqstão se muma resposta definida. No entanto, acredito que apostar e fortalecer candidaturas que proirizam a educação, vide o governador do Maranhão, Flávio Dino, que tem focado em políticas públicas para a educaçaõ do seu Estado, nos dá um alento e esperança de que nem tudo está perdido. Por fim, quando é possível, penso que professores, cordenadores, direção escolar, os pais e os estudantes, aqueles que ainda não foram cooptados por essa narrativa do ESP, precisam dialogar, entender o papel da educação pública na formação cidadã.
Atenciosamente,
Natanael de Freitas Silva
Natanael de Freitas Silva,
ResponderExcluirUma ótima pedida de leitura, atual e essencial em tempos nebulosos. A Escola sem Partido é uma verdadeira contradição em si mesmo. É uma doutrina de cerceamento, liberdade e atentado aos direitos do cidadão, ratificados em nossa Constituição, querendo censurar outras ideologias, isto é, doutrinas – plurais e toleráveis na sociedade. Não há dúvidas, de que parte dos agentes públicos (as centenas de representantes políticos eleitos pelas bancadas ideológicas do bolsonarismo e da bíblia, por exemplo), aproximam-se de seus objetivos de violar a liberdade de expressão e opinião.
O professor tem receio as temáticas de gênero, meio ambiente, história política (os regimes ditatoriais e totalitários), o que tornam as novas gerações contaminadas por preconceitos e reprodução dos discursos que tais agentes políticos conservadores desejam e almejam. Se estamos atrasados 50 anos em qualidade de educação, bem como a valorização dos seus profissionais e a falta de autonomia, neste momento, já é muito visível nas salas de aulas: a sensação de perseguição e de caças a bruxas, exemplos mencionados no seu artigo. Assim, também percebe-se os mecanismos de combate, essenciais e importantes. Isto é, perdemos mais 50 anos. A percepção é de viver numa sociedade do século XIX, não mais nem sequer no XX – vide a exaltação de períodos de exceção, as violências aos negros e as minorias (indígenas e LGBTs).
A partir deste argumento indago-lhe: Num ambiente de ausência de autonomia – aqui no meu estado metade da avaliação já não está nas mãos do professor, mais da Secretaria de Educação. O que fazer? E como driblar a fiscalização dos pais – imagine encontrar 100% de uma sala de aula com alunos de famílias conservadores, não aceitando qualquer argumento com relação aos conteúdos de gêneros, ou mesmo de reprodução dos discursos dos mais conservadores – os religiosos?
As dicas de combates são boas, mas nem sempre efetivas pelo “desconhecimento” dos direitos constitucionais (CF, LDB, BNCC, PPP, etc.) daqueles que fiscalizam e perseguem.
Jadson da Silva Bernardo.
Boa noite, Jadson,
ExcluirAgradeço pela sua questão.
De fato, esse cenário que você apresenta, é limitador. O que fazer diante desse cercemanto da liberdade de cátedra tem sido uma das questões que assombram nossa comunidade docente praticamente em todo o território. Eu falo a partir de um lugar específico, atuo na baixada, no Estado do Rio, em que essa tensão e censura, tem marcas e níveis distintos de acordo com cada município. No entanto, reconheço que quando se tem uma normativa advinda de uma secretária da educação, aí a margem de manobra é reduzida. Num cenário em que a autonomia, conforme você afirma, é praticamente nula, temos um Estado autorário e no seu corolário, totalitário. Neste caso, não temos uma resposta pronta. Todavia, a fragilidade desse projeto do ESP tem sido desmascarada, o que me dá uma esperança de que isso seja abortado em algum momento. No mais, como diz Foucualt, a batalha continua. Que possamos resistir e existir.
Atenciosamente,
Natanael de Freitas Silva
Olá, ótimo texto!
ResponderExcluirA minha pergunta é: há algo mais que possamos fazer em relação a essa limitação da atuação dos professores? Pois estes são fundamentais tanto na formação técnica quanto na formação política dos alunos. Sem a liberdade de discutir temas mais delicados formaremos robôs. Formaremos pessoas que aceitarão de tudo.
Att. Nicole Barbosa Goto
Boa noite, Nicole,
Excluiressa é um questão que requer uma ação conjunta entre docentes, diretores, equipe pedagógica e principalmente a inclusão dos pais, dos que quiserem, no cotidiano escolar. É preciso mostrar, o que não é fácil, que a escola é um lugar para somar junto com as famílias, é jogar claro. Isso tende a diminuir essa rejeição dos pais a temas demonizados pelos militantes do Escola Sem partido, por exemplo.
Atenciosamente,
Natanael de Freitas Silva
Boa noite, belo e necessário trabalho. Agora, quais dicas você poderia dar para os professores no caso de serem questionados pelos pais ou responsáveis? Afinal, infelizmente seremos alvos de muitos ataques diante do cenário político. Grato Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirBoa noite, Marlon,
ResponderExcluirgeralmente, em casos que a família busca interrogar e intervir na atuação docente, é preciso se articular com outros professores, coordenador, direção e até mesmo pais e mães que não compram esse discurso do ESP. Isto é, não entrar num confronto sozinho. Uma outra saída é a escola, como um todo, tentar envolver os pais. É um trabalho pedagógico, ouvi-los e esclarecer as dúvidas, pois, infelizmente, muitos chegam 'armados' no discurso devido ao contato com essa narrativa em outros espaços, o que nos provoca um duplo trabalho, ter que explicar o que eles ouviram e depois inseri-los numa outra abordagem. Claro que estou falando de casos que os pais queiram ouvir e participar. Minha sugestão é que o diálogo, cada vez mais díficil, seja fomentado sempre que possível.
Enfim, o desafio está posto, tenho esperança que esse projeto do ESP vai esmaecer em algum momento.
Cordialmente
Natanael de Freitas Silva