INTRODUÇÃO
O presente artigo discorre sobre a experiência de Estágio
Supervisionado, apresentado como componente curricular obrigatório do 3º ano do
curso de licenciatura em História, da Universidade Estadual do Paraná - Campus de União da Vitória. O estágio
foi realizado no ano de 2018 no Colégio Estadual Francisco Neves Filho,
localizado no município de São João do Triunfo, estado do Paraná, com a turma
do sexto ano dos anos finais do ensino fundamental. O tema abordado foi “O
Egito Antigo” e a partir deste, buscou-se relacionar o passado com o cotidiano,
oportunizando ligações entre passado/presente,
bem como, propôs-se problematizações acerca dos conteúdos trabalhados.
No primeiro momento procurou-se refletir sobre o
papel dos(as) profissionais da educação e o ensino de história, utilizando
alguns autores e autoras que discutem a temática. Em seguida, dispõe-se um
relato das experiências com o estágio, contendo as impressões e dificuldades, apresentando
os resultados obtidos, as metodologias que se mostraram mais aceitas e eficazes
e o que poderia ser feito de forma diferente.
O(A) EDUCADOR(A)
E O ENSINO DE HISTÓRIA
Durante o estágio buscou-se trabalhar com a teoria
da história e a metodologia, ou seja, o modo de pensar e de fazer história, com
o intuito de que o ensino tenha cunho científico e seja tomado de sentido. Para
tal, utilizou-se de leituras que discutem sobre o ensino de história e suas
interfaces.
As reflexões contidas nos trabalhos dos(as) intelectuais
referentes ao ensino vão ao encontro com as preocupações sobre o significado
escolar do conhecimento histórico e sua participação no processo de renovação
da realidade educacional. A sala de aula como um ambiente de transformação e
formação da consciência histórica é de suma importância, pois é nesse espaço
que o aluno se apropria do conhecimento de forma ativa e articulada com o mundo
natural e social (SCHMIDT; GARCIA, 2005).
Os elementos presentes dentro da sala de aula
permitem um compartilhamento de experiências individuais e coletivas em relação
aos diversos saberes envolvidos na produção escolar. O estudo da história
permite compreender a experiência humana ao longo do tempo. Para as autoras
Schmidt e Garcia (2005, p. 299): “Este pode ser um dos principais critérios
para a seleção de conteúdos e sua organização em temas a serem ensinados com o
objetivo de contribuir para a formação de consciências individuais e coletivas
numa perspectiva crítica”.
Compreender a realidade é ter poder de transformá-la,
desse modo, a formação de uma consciência crítica possibilita os sujeitos
inserirem-se no processo histórico (FREIRE, 1970). Esta ação permite que os
sujeitos problematizem a si mesmos e realizem ligações entre passado, presente
e futuro. Nesse sentido, o conhecimento sobre o passado pode ser articulado
dentro do espaço da sala de aula, assim, o trabalho com acontecimentos históricos
de forma crítica, pode trazer à tona experiências vividas pelos(as)
educandos(as), promovendo noções de temporalidade e formando uma consciência
histórica (SCHMIDT; GARCIA, 2005).
No
entanto, as tentativas de renovação do ensino de história se tornam uma tarefa
complexa quando levadas ao campo prático. No cotidiano, os educadores e as
educadoras enfrentam uma série de dificuldades para estabelecer as relações com
o tempo histórico e a falta de investimentos é um dos exemplos mais comuns
nesse âmbito, já que muitos dos espaços escolares tem somente o quadro de giz
como principal ferramenta de ensino.
Ademais,
Maria Auxiliadora Schmidt (2002) descreve as ambiguidades encontradas na imagem
do professor de história, ora visto como um oráculo do conhecimento histórico
ora um profissional da ciência. Sua individualidade oscila entre educador
difusor de conhecimentos e de agente do saber e fazer. A sua capacidade
intelectual reside em estabelecer uma comunicação individual com seus educandos
os levando a ter uma maior percepção entre o passado e presente.
“O
professor de História [...] preocupa-se em exteriorizar o que sabe, ternar
implícito o seu pensamento e a sua emoção. Ao mesmo tempo, ele vive a
insegurança em relação à juventude dos seus próprios alunos e à defasagem entre
sua própria formação e o aceleramento contínuo dos novos estudos e pesquisas do
conhecimento histórico”. (SCHMITD, 2002, p. 56).
O educador
pode ensinar os educandos a captarem e valorizarem os diversos pontos de vista,
ajudando-os a levantarem os problemas e ao mesmo tempo os reintegrarem num
conjunto mais vasto de problematizações, permitindo que façam parte da
construção histórica. O espaço escolar não deve entendido somente como lugar de
transmissão de informações, mas também como um ambiente de estruturação de
sentidos. Segundo Schmidt (2002, p. 57) “o conhecimento histórico não é
adquirido como um dom, e nem mesmo como uma mercadoria”. Para a autora, seria
necessário realizar uma transposição didática entre os conteúdos e os
procedimentos históricos.
“A
transposição didática do fazer histórico pressupõe, entre outros procedimentos,
que se trabalhe a compressão e a explicação histórica. Podem ser priorizados
alguns pontos da explicação histórica para ser transpostos para a sala de aula
e comporem o que se dominaria a Educação Histórica”. (SCHMIDT, 2002, p. 59).
A
Educação Histórica é uma linha de pesquisa cujo eixo teórico norteador
encontra-se nas matrizes epistemológicas de Jörn Rüsen (2006). O autor defende
que os historiadores devem discutir as regras e os princípios da composição da
história como problemas de ensino e aprendizagens, além de considerar que o
melhor ponto de partida parece ser aquele que, na vida corrente, surge como
consciência histórica.
Assim, Silva (2011, p. 200) afirma
que a “[...] educação histórica apresenta possibilidades de pesquisas no campo
do ensino da história nas escolas, das aprendizagens e, ainda, contribui com as
inovações das metodologias de aula”. Além disso, procura responder as
problematizações do ensino inerentes ao contexto escolar e social dos educandos
e surge a possibilidade de compreensão do pensamento histórico dentro ou fora
da escola, para analisar as relações que se estabelecem entre o conhecimento
histórico e a vida, ou seja, as considerações de todas as experiências humanas.
Nesse contexto, encontra-se
a noção de literacia histórica de Peter Lee (2006) a qual possui dois elementos
crucias a serem discutidos, que são as ideias dos estudantes sobre a disciplina
de história e as orientações que estes tem em relação ao passado, ou seja, o
tipo de passado que acessam e a ligação deste com o presente/futuro.
Partindo da premissa que
conhecer os episódios históricos não significa compreender o passado, Lee (2006)
disserta que os educandos estão imersos numa atividade dúbia e fútil, pois quando
os estudantes dizem que conhecem a história, muitas vezes estão reproduzindo um
discurso que trata a história como um acúmulo de eventos, ausente de reflexões.
Dessa forma, o aprendizado histórico não deve ser baseado apenas num processo
de aquisição de saberes ou acontecimentos históricos, dado que envolve o
conhecimento histórico atuando nos arranjos mentais dos sujeitos.
Dessa maneira, a primeira
exigência da literacia histórica é que os educandos entendam a história como um
compromisso de indagação de suas particularidades, a partir ideias de
organização dentro de um vocabulário próprio e com conceitos específicos da
ciência humana, desta maneira:
“O conhecimento escolar do
passado e atividades estimulantes em sala de aula são inúteis se estiverem
voltadas somente à execução de ideias de nível muito elementar, como que tipo
de conhecimento é a história, e estão simplesmente condenadas a falhar se não
tomarem como referência os pré-conceitos que os alunos trazem para suas aulas
de história”. (LEE, 2006, p. 136).
Os educandos vão para escola
tendo pré-conceitos sobre o mundo, contudo, no espaço escolar muitas vezes esses
conhecimentos prévios são ignorados, ocasionando prejuízos na aquisição de
novos conceitos. As novas informações aprendidas remetem apenas para fazer uma
prova, mas não se revertem para seus pré-conceitos fora dos muros da escola. O
passado se torna um tempo distante, sempre fora do alcance, fixo e eterno.
No entanto, cabe aos educadores
desmitificar essas visões. O passado pode ser descrito de diferentes maneiras e
formas, visto que é dinâmico. Peter Lee (2006, p. 140) escreve que “[...] a
gama de descrições válidas aplicáveis ao passado muda com a ocorrência de novos
eventos e processos. As considerações históricas são construções, não cópias do passado”.
Portanto, se os(as) educandos(as)
forem capazes de se orientar no tempo, vendo o presente e o futuro no contexto
do passado, possuindo uma compressão do passado por meio do estudo da história.
Ao trabalharem com as mudanças e as formas da história, podem elaborar suas
próprias intepretações do passado, com conexões mais complexas entre os temas e
recombinando-os para propósitos diferentes. Para chegar nesses resultados, o
ensino não deve, em nenhum momento, se distanciar das pesquisas, uma vez que são
realidades que precisam caminhar lado a lado para se alcançar um ensino de
qualidade.
A PRÁTICA DOCENTE NO ESTÁGIO
A
História deve orientar as pessoas e os povos a terem consciência de si,
produzindo um senso crítico do meio onde vive, tornar as pessoas mais felizes,
solidárias e respeitosas em relação às diferenças no que tange a construção de
uma cidadania. É no estudo da História que se pode compreender as diversidades
que abrangem a sociedade e olhar para o outro, respeitando suas singularidades.
Nesse viés
de compreensão do outro, do diferente, do exótico, o trabalho com o Antigo Egito
foi proposto para levar aos educandos uma visão diferente da que se tem comumente
sobre essas sociedades antigas. O uso de ferramentas metodológicas como mapas,
desenhos, atividades e explicações, teve o intuito de aproximar os(as)
educandos(as) dessa cultura perdida e que entendessem a importância do estudo
dessas civilizações. Buscou-se também que os(as) educandos(as) compreendessem que
muitas das inovações egípcias foram aprimoradas ao longo do tempo e que hoje
ainda estão presentes em nossa sociedade, exemplo disso são os cálculos
matemáticos de construção. Dessa maneira, o objetivo principal do estágio
consistiu em trazer um pouco para a realidade atual a cultura egípcia antiga e
toda sua gama religiosa, social e cultural, mostrando para os(as) educandos(as)
que o passado e o presente não estão tão distantes como parece.
Após a
apresentação do tema pela professora regente da disciplina de história da
turma, buscou-se primeiramente leituras de obras historiográficas que
abarcassem as relações de poder, relações de trabalho, as relações sociais e
culturais desse povo, para em seguida pensar as metodologias adequadas para a
idade das crianças e adolescentes. Cabe salientar que o estágio possuiu uma
carga horária total de 10 horas/aulas, sendo 04 horas/aulas referentes à
observação e o restante para o trabalho em sala de aula com a turma do sexto
ano do Ensino Fundamental.
Atuar em sala de aula e
mediar os conteúdos de forma clara e condizente com o público é um desafio para
os(as) acadêmicos(as) que estão tendo as primeiras experiências como educadores(as),
uma vez que as situações de ensino/aprendizagem são complexas e diversas,
necessitando de um planejamento com objetivos claros, mas que possua
flexibilidade, tendo em vista a diversidade de situações e pontos de vista que
emergem em uma sala de aula.
“[...] A escola e a sala de
aula não são o lugar do racional, do previsto ou da certeza. A relação
pedagógica é constituída de sujeitos que pensam, compreendem e agem a partir de
diferentes pontos de vista, de diferentes lugares socais, de diferentes
universos simbólicos. O encontro desses sujeitos num ambiente áulico promove
constantemente situações novas, ambíguas, confusas, para as quais não existem
soluções lineares, comportamentos pré-estabelecidos, com garantia de sucesso.
Dessa forma, a sala de aula é também o lugar do fracasso, do imprevisto, da
diferença, do improviso [...]”. (CAIMI, 2002, p.49).
Além disso, realizar
avaliações no decorrer das aulas não constitui uma simples tarefa, pois a
partir dos instrumentos avaliadores é possível perceber não somente se os(as)
educandos(as) entenderam os conteúdos, mas também como construíram o saber, as
especificidades que possuem, o modo de pensar e agir, quais competências
desenvolveram mais e o que será preciso ser retomado. Sobre isso, Hoffman
afirma: “Avaliar competências significa observar o aluno em sua capacidade de
pensar e agir eficazmente em uma situação, buscando soluções para enfrentá-la,
apoiado em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. O aprender envolve
situações interativas, engajamento pessoal e a busca de conhecimentos em
momentos sucessivos e complexos”. (HOFFMANN, 2011, p. 62).
Nesse sentido, as
metodologias usadas foram elaboradas com o objetivo de os(as) educandos(as)
desenvolverem a compressão da temporalidade do passado e presente, com o
intuito que a partir de suas experiências e vivências conseguissem trabalhar
melhor os seus conhecimentos do passado. Dessa maneira, as explicações, questionamentos,
contribuições e ligações visaram a contribuir e ajudar na percepção de
consciência histórica.
Para tal, além do uso de
aulas expositivas e dialogadas, foram usadas metodologias lúdicas, a partir de
exercícios que envolveram concentração, percepção e raciocínio, com o uso de
jogos educativos, como o caça palavras e a cruzadinha. É fundamental, que o
educador pense em diversas práticas educativas, pois os(as) educandos(as) necessitam
de estímulos para uma aprendizagem significativa. Portanto, cabe aos educadores
apresentarem novas condutas para potencializar o ensino lúdico de História,
como conota Laura Bosslse Carissimi (2017, p. 48) “[...] a introdução de jogos
nas aulas de história pode ser a atividade que oportuniza experimentações
pedagógicas de construção do conhecimento, além de permitir novas práticas culturais”.
Outra atividade aplicada consistia na elaboração de
uma frase que resumisse a cultura egípcia antiga por meio da escrita
hieroglífica. O objetivo dessa atividade consistiu em levar o alfabeto egípcio
ao conhecimento dos(as) educandos(as), mostrando a forma de comunicação dessa
sociedade da Antiguidade por meio da escrita. Conhecer a forma de comunicação
dos egípcios, a maneira que se orientavam por meio dos desenhos que representavam
e os elementos presentes do cotidiano daquela população, permitiu entendessem
um pouco mais sobre a sociedade em questão.
A última atividade proposta foi um trabalho em
grupo, no qual os(as) educandos(as) deveriam criar seus próprios deuses a partir
de desenhos e também dar um nome e significado. Desse modo, a produção do
desenho envolveu diversos conteúdos que haviam sido trabalhados no decorrer das
aulas, além de desenvolver a criatividade e a atuação em conjunto. Nessa
perspectiva, “[...] os desenhos como fontes não devem servir apenas como
ilustração, deve o professor considerar as operações cognitivas que o aluno
utilizou ao usar a imaginação para tentar criar um raciocínio histórico e tenha
feito à ligação do passado e do presente [...]”. (MACIEL, 2015, p. s./p).
A sala de aula é um espaço
ambíguo, que está em constante transformação. E existem elementos precisos e
fundamentais para constituição de uma boa aula de História, sendo que a Teoria
da História é a base teórica relevante para fundamentar qualquer acontecimento
histórico.
“[...] Trata-se de uma
tentativa de tornar o estágio um momento de efetiva articulação entre a teoria
e a prática, isto é, de construir um espaço novo de docência que se transforma
em ciência pela via da investigação sistemática do pensar-agir do estagiário
sobre a prática. Enfim, é a tentativa de desenvolver a atitude cientifica no
exercício da docência [...]”. (CAIMI, 2002, p. 50).
Desta maneira, a experiência
como educador é imprescindível para a reflexão da realidade escolar. Com os
eventuais improvisos, trocas de experiências e diálogos, o processo de
ensino/aprendizagem se tornou mais rico e proveitoso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As aulas da disciplina de história
precisam levar em conta as experiências dos(as) educandos(as) para que possam
estabelecer um sentido do que estão aprendendo. O ensino que não leva em conta
as vivências dos(as) educandos(as) está fadado ao fracasso e ao desuso em sua
vida prática. Nessa perspectiva, durante o estágio, com o uso de exemplos e a
abertura para o diálogo, houveram aproximações entre os conhecimentos
históricos das experiências e saberes que os(as) educandos(as) já possuíam.
Ademais, um dos maiores
desafios na realização do estágio é estabelecer um elo entre a teoria
apreendida na universidade e a mediação desses conteúdos no espaço escolar,
tendo em vista as adversidades existentes. Contudo, é a partir do estágio que
os(as) acadêmicos(as) têm as primeiras experiências docentes que fomentam a
reflexão sobre a prática educativa.
Nesse sentido, uma
ferramenta indispensável para a realização de todo o trabalho docente foi a investigação
realizada com base na historiografia, a qual se constitui como um fundamento
para a construção histórica. Com base nas pesquisas realizadas, que respaldaram
a escolha das metodologias que foram utilizadas, foi possível a articulação
entre teoria e prática na sala de aula, promovendo aprendizados tanto para os(as)
educandos(as) como também para o acadêmico estagiário, que no chão da escola,
constrói sua prática docente.
REFERÊNCIAS
Aquilles
Trindade é acadêmico do 4º ano do Curso de Licenciatura em História da
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus
de União da Vitória.
CARISSIMI, L. B; RADÜNZ, R. Arquivo 7.0: jogos e o
ensino de História. MÉTIS: história
& cultura, v. 16, n. 31, p. 47-69, jan./jun. 2017.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de
Janeiro: Paz & Terra, 1970.
HOFFMANN, J. Avaliar
para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2011.
LEE, P. Em
direção a um conceito de literacia histórica. Educar Curitiba, Especial,
2006. Editora UFPR. p. 131-150.
MACIEL, S. M. A história contada por meio de
desenho, na Educação de Jovens e Adultos, numa visão interdisciplinar dos
conteúdos. In: Cadernos PDE. Os desafios
da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Paraná: SEED,
2015.
PADRÓS, E. S. (Org.) Ensino de história: Formação de professores e cotidiano escolar.
Porto Alegre: EST, 2002.
SILVA, M. C.
Educação histórica: perspectivas para o ensino de história em Goiás. SÆculum, João Pessoa, v. 24, jan./ jun.
2011.
SCHMIDT, M. A. A formação do professor de história
e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, C. (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2002, p.
54-65.
SCHMIDT, M. A.; GARCIA, T. M. F. B. A formação da
consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de
história. Cad. Cedes, Campinas, v.
25, n. 67, p. 297-308, set./dez. 2005.
RÜSEN, J. Didática da História: passado, presente e
perspectivas a partir do caso alemão. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 1, n. 2, jul./dez.
2006.
Olá! Interessante relato. E em se tratando de sua ressocialização que, penso ser imprescindível no ato da docência, de como via/viu os alunos (ou de como eles são realmente), foi uma preocupação vossa? se atentou em se aproximar deles, procurando trazê-los a vossa aula, para que se enxergassem nela e percebessem sentido na proposta de construção do conhecimento histórico (pois toda aula não deixa de ser isso)? Agradecido.
ResponderExcluirManoel Adir Kischener
Estimado Manoel!
ExcluirDesde muito cedo, ou seja, já nas aulas da disciplina de estágio, via a aproximação com os(as) alunos(as) como algo fundamental para o sucesso de minha regência. Estando no ambiente da escola no período das observações, os primeiros contatos com os(as) alunos(as) se deu após a aula e girou em conversas de temas variados, assim, criou-se um laço de confiança e de camaradagem. Então, quando chegou o dia da regência de fato, eles estavam confortáveis em participar ativamente das aulas, contribuindo, indagando e tirando suas dúvidas. Portanto, acredito muito no ensino baseado na aproximação do educador com seus educandos, ouvi-lós, dar espaço de fala, e mais importante, perceber elementos presentes nestes mesmos discursos, permite o educador adentrar nesse mundo tão rico, podendo desenvolver metodologias que se adequam mais satisfatoriamente a cada tipo de turma.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Muito agradecido! Sucesso nesta nossa jornada! Grande abraço, Aquilles!
ExcluirEsqueci de assinar... Manoel Adir Kischener.
ExcluirSobre essa questão de estabelecer um elo entre a teoria absorvida na universidade e a mediação no espaço escolar, eu particularmente estou com muito receio de sofrer no estágio, qual a solução para amenizar esse desafio?
ResponderExcluirEstimado Jeymison!
ExcluirInfelizmente não há uma fórmula pronta para que haja uma facilitação nesse processo, no entanto, pode haver algumas saídas que podem ajudar.
Podemos encontrar uma turma que vai te compreender de uma maneira plena e satisfatória, ou podemos encontrar uma turma que não vai, simplesmente, compreender em nenhum momento e que vai dizer a máxima "professor, explique de volta, não entendi" pela terceira vez seguida. Aprender a lidar com acertos e fracassos é fundamental, pois isso faz parte desses momentos e procurar refletir sobre isso pode fazer toda a diferença para a formação.
Um grande abraço!
Parabéns Aquilles, conduziu bem suas palavras ao exemplificar a caminhada de um professor em examinar o conhecimento prévio dos alunos e adequar o conteúdo ao cotidiano e acesso didático dos alunos do ensino regular.
ResponderExcluirSabendo da contínua perda de horas de aula de história, e levando em conta a necessidade de formação do cidadão pautado no conhecimento de si e do seu meio, da constituição e formação do passado de todos... Quais as dificuldades enfrentadas neste primeiro contato com a sala de aula?
Parabéns Aquilles, conduziu bem suas palavras ao exemplificar a caminhada de um professor em examinar o conhecimento prévio dos alunos e adequar o conteúdo ao cotidiano e acesso didático dos alunos do ensino regular.
ResponderExcluirSabendo da contínua perda de horas de aula de história, e levando em conta a necessidade de formação do cidadão pautado no conhecimento de si e do seu meio, da constituição e formação do passado de todos... Quais as dificuldades enfrentadas neste primeiro contato com a sala de aula?
Libiane Karina Orth
Estimada Libiane!
ExcluirAcredito que as dificuldades enfrentadas correspondem ao próprio receio e medo das coisas saírem diferentes do planejado, por exemplo, perceber a falta de interesse dos educandos frente ao conteúdo proposto.
O desinteresse referente as aulas de história, infelizmente, é algo comum no sistema educacional, já que muitas vezes esse mesmo conteúdo se encontra longe da vida prática dos educandos. Portanto, acredito muito na metodologia de aproximação dos conteúdos com a vida cotidiana de nossos educandos, pois essa aproximação permite que eles vejam que esse ensino tem um sentido e os acontecimentos do passado não estão tão distante como imaginam.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Boa noite
ResponderExcluirAchei muito interessante a colocação. Acho que em alguns cursos de graduação se aborda muito a teoria e se deixa de lado a prática. Apesar de o estágio ser um momento de contato com a sala de aulas, muitas vezes é um período muito curto e nem sempre o aluno consegue fazer a relação teoria/prática. Defendo que somente a prática ou somente a teoria deixam o ensino de História empobrecido. É fundamental que o professor posso usar diferentes meios para aplicar um tema. Isso se torna difícil para professores que estão h´muitos anos exercendo a profissão e para aqueles iniciantes que tiveram um curto período de estágio. Em sua opinião, será que a Universidade somente consegue preparar o professor para exercer sua função ou deve partir do educador a iniciativa de aperfeiçoamento durante tua sua carreira profissional?
Inês Valéria Antoczecen
Estimada Inês!
ExcluirSabemos da importância do conhecimento adquirido na universidade, absorver a teoria é fundamental para estabelecer ligações com a historiografia. Defendo que enquanto educadores, precisamos estar atentos em tudo que acontece nesse espaço e a reflexão sobre essas nuances é fundamental para nosso crescimento profissional e humanitário. Outro ponto que é importante salientar é o pouquíssimo período de estágio que a universidade nos oferece assim acarretando nessas lacunas. Uma maior preparação, um maior período de estágios acredito que poderia solucionar esse problema. Por fim, um maior diálogo interdisciplinar com a pedagogia, por exemplo, prepararia melhor nossos acadêmicos e proporcionaria melhores experiências. O debate é muito mais extenso que essas linhas que te escreve, mas vejo como um caminho que que podemos refletir.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Olá Aquilles. Achei muito interessante a escolha dos exercícios que envolvem essas vivências dos alunos, como a comparação da escrita e os próprios desenhos que podem faze-los refletir de diversas maneiras o passado e o próprio presente, já que desenvolveram suas atividades baseados no cotidiano que os cerca.
ResponderExcluirMuitos relatos trazem as turmas do 6º ano como agitadas. Você sentiu alguma dificuldade ao aplicar a atividade em grupo para a turma? De que maneira agiu para manter o equilíbrio?
Elaine Cristina Florz
Estimada Elaine!
ExcluirA sala de um sexto ano é um espaço cercado de ambiguidades como qualquer outra série. Devido a amizade que tenho com a professora regente (minha professora em tempos que eu estudava) ela me indicou essa turma alegando que seria bom para minha formação trabalhar com os mais novos e que seria uma experiência importante. Um ponto importantíssimo foi minhas observações, pois a partir delas, conheci o cotidiano da turma e elaborei um planejamento que desse ênfase a singularidade de todos e ao mesmo tempo, imaginei como eles se comportariam trabalhando juntos.
A atividade em grupo foi um sucesso, todos participaram, todos falaram (muitas as vezes ao mesmo tempo) e a partir disso, refleti sobre minha postura e o mais importante, refleti sobre onde acertei e onde errei dentro do planejamento.
Trabalhar com alunos dessa idade é muito prazeroso, pois entendemos um pouco mais sobre o mundo criativo e imaginário deles.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns Aquilles!! Ótimo trabalho!
ResponderExcluirSou aluna da graduação e em breve irei para regência. Precedente a essa etapa do Estágio, minha professora nos propôs uma atividade onde apresentaríamos uma aula. Os temas foram selecionados por ela com base em conteúdos previstos para as turmas de ensino fundamental. Fiquei com Egito Antigo e durante o meu planejamento para a aula a minha maior dificuldade foi pensar em como tornar significativo o conteúdo, ainda mais levando em consideração o tempo de uma aula. Na sua experiência relatada, você teve dificuldade semelhantes? em sua opinião, a partir das suas leituras e vivências, como superar essa dificuldade, como tornar o conteúdo escolar significativo para os alunos?
Obrigada!
Nayara Brito Pereira
Estimada Nayara!
ExcluirAs dificuldades se mostraram presentes em quase todos os momentos nesse meu processo em específico. O medo de não conseguir moldar o conhecimento teórico adquirido na universidade e transpor isso na sala de aula é bem comum. Contudo, a partir de diálogos, seja eles com os(as) professores(as), essa tarefa se apresenta mais leve.
Defendo que precisamos levar em conta as experiências dos nossos educandos para alcançar um ensino significativo, pois é a partir disso, podemos pensar nas diversidades e ambiguidades que se tem numa sala de aula.
Te desejo sorte nessa etapa!
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Boa tarde!! Adorei o seu relato de experiência. De grande valia.
ResponderExcluirUma curiosidade!!
Em um trecho de seu relato de experiência você salienta que “...se os(as) educandos(as) forem capazes de se orientar no tempo, vendo o presente e o futuro no contexto do passado, possuindo uma compressão do passado por meio do estudo da história. Ao trabalharem com as mudanças e as formas da história, podem elaborar suas próprias intepretações do passado, com conexões mais complexas entre os temas e recombinando-os para propósitos diferentes. Para chegar nesses resultados, o ensino não deve, em nenhum momento, se distanciar das pesquisas, uma vez que são realidades que precisam caminhar lado a lado para se alcançar um ensino de qualidade.”
Pensando essa perspectiva, você fomentou junto aos alunos uma discussão mais conceitual? Tempo, espaço, fontes históricas, sujeitos históricos, construção e interpretação do conhecimento histórico, etc.
Obrigado!!
Lucas Reis de Matos
Estimado Lucas!
ExcluirEm meus estágios, na medida do possível, tentei trabalhar com os(as) educandos(as), de maneira muito leve, essas questões um pouco mais conceituais. É difícil abarcar esse arcabouço de possibilidades teóricas com um sexto ano do fundamental, no entanto, procurei salientar aspectos que fossem mais palpáveis ao cotidiano dos alunos.
Um exemplo disso, foi explicar à eles de que maneira que nós, no século XXI, sabemos tanto dessa civilização do Antigo Egito que desapareceu a mais de dois mil anos atrás. Nesse caso, explicitei sobre a importância da Arqueologia ferramenta importante que visa buscar, coletar e analisar restos materiais produzidos pela humanidade.
Acredito que buscando novas metodologias há um aperfeiçoamento na prática de ensinar, assim, o espaço escolar pode ser transformado de maneira bem significativa.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade
Bom dia, parabéns pelo belíssimo trabalho e relato de experiência que serve para tantos que pensam em seguir a carreira docente.
ResponderExcluirBom, gostaria de comentar que estudei na Uema na cidade de Caxias e percebi que o curso de licenciatura em História, tem pensado e formado alunos para serem pesquisadores e não professores, isso pode ser visto pela grade onde as disciplinas pedagógicas que ajudariam e facilitariam o estagio são poucas e geralmente pouco exploradas, o que dificulta a entrada em sala de aula de certa forma mais preparado e capacitado.Não se isso acontece em outras regiões, mas percebi isso com certa frequência aqui. Desse modo, você acredita que as instituições tem capacitado bem esses professores para a convivência da sala de aula?! Esses estagiários conseguem sair aptos e sabendo a diferença entre teoria e prática? Vocês acredita que o estagiário cumpre com a função de "transportador" dos debates historiográficos empreendidos no ambiente universitário?
Querido, estou apenas refazendo meu comentário por que esqueci de colocar meu nome. Mas obrigado pela resposta, e de novo parabéns pelo seu trabalho..
Marciele Sousa da Silva
Foi de grande importância ler seu relato, pois estou na fase de estágio , e pra dizer a verdade sinto um misto de sentimentos. Vejo que a disciplina de história é pouco valorizada, muitos alunos acham que é só decorar, quando iniciamos o estágio vamos com todo gás, e na prática nos deparamos com a dificuldade. Mas sei que posso fazer a diferença, usando novas metodologias.
ResponderExcluirParabéns..
Ass. Anne Caroline Martins Marreiro
Estimada Anne!
ExcluirFiquei feliz pelo fato que minha experiência te fez refletir sobre o estágio e sobre o ensino. Esse ato de ensinar é muito prazeroso e significativo, mas antes de tudo, tenha prazer em ouvir seus educandos com suas vivências e modos singulares de ver o mundo. Acredito piamente que a partir dessa aproximação poderemos melhorar nossa prática pedagógica alcançando um ensino de maior qualidade.
Um grande abraço!
Aquilles Trindade