O projeto “A fotografia e a materialização
da memória escolar” desenvolvido no Centro de Ensino Integral Profª Maria
Mônica Vale com apoio da FAPEMA (Fundo de Amparo a pesquisa no MA) teve por
objetivo registrar e preservar a cultura escolar através do uso da fotografia
com o objetivo de materializar as memórias do cotidiano escolar que permeiam
sujeitos escolares (alunos, professores e comunidade) inscrevendo tais
registros materiais na história das relações sociais e educacionais, e em
particular na cultura do contexto escolar pesquisado. A metodologia adotada foi
pesquisa qualitativa e com base teórica na Historia Cultural (Roger Chartier) utilizamos
autores como Schmidt e Cainele (2004), Bittencourt et al (1997), bases legais
como os PCNs (1996), tendo o contexto escolar como lócus da pesquisa e o
registro de 37 fotos dos alunos inseridos no projeto. O resultado foi à
exposição fotográfica sobre a cultura da escola à partir do olhar dos alunos
analisando os elementos que compõe o contexto escolar a partir de comparações
de tempos históricos e de olhares intergeracionais, levantando questionamento
sobre o tema pesquisado, ou seja, inovando no interior da escola. Assim
entendemos que o uso da fotografia através de uma metodologia investigativa,
proporciona ao aluno interaja de forma ativa com conhecimento, sendo o sujeito
da ação, tendo o professor como mediador nesse processo de possibilidades de
construir História.
Introdução
A fotografia, além
de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que nos é importante, nos leva a
lugares que ainda não visitamos, pode também ser considerada como uma fonte
importante de dados, fatos e informações que se soubermos explorar corretamente
a transforma em um poderoso recurso didático (TURAZZI, 2005).
A
fotografia, invenção burguesa do século XIX, segundo Sontag (1986) possibilitou
no campo da educação a ampliação no cotidiano da sala de aula, o processo de
comunicação proveniente da utilização da imagem fotográfica como material de
apoio didático, podendo viabilizar uma prática educacional mais direcionada à
formação de cidadãos críticos, desde que, forneça suporte para que a
aprendizagem seja realmente efetivada, procurando um lugar onde seja possível a
comunicação do indivíduo com seus pares, possibilitando troca de conhecimentos,
informações e novas descobertas.
Para
Martins, Pires e Melo (2008) na sociedade da informação, vivemos um consumo
excessivo de imagens, onde o fundamental é saber interpretá-las, ou
ressignificá-la de modo que, o indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos.
Assim, diante da necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o uso da
fotografia através do projeto “A fotografia e a materialização da memória
escolar” contribuiu para o rompimento de uma aprendizagem fragmentada, em que a
fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no trabalho interdisciplinar
resultando no olhar que analisa a cultura escolar possibilitando a
materialização de uma memória a ser preservada como fonte de informação para a
pesquisa histórica.
Para Mignot e Cunha (2003) a fotografia
conta histórias, revela o ambiente, fala sobre as pessoas e contribui para
fixar a lembrança, evitar o esquecimento, garantindo um lugar na posteridade. A
fotografia emoldura o tempo e organiza experiências passadas acusando a
passagem vertiginosa da vida.
O
que se percebe é que ao longo do século XX, a fotografia enquanto documento
visual adquire um espaço no trabalho do historiador passando a ser utilizada
como fonte de pesquisa histórica relacionada à preocupação de se estudar as
diversas dimensões da vida social.
A
fotografia, segundo Sontag (1986) passou a ser o registro por fiel que, por
meios gestos captados a imagem deixa indícios de modos de fazer, de viver e de pensar
dos homens com suas gravuras, mapas, gráficos, pinturas, lembranças,
utensílios, ferramentas, festas, cerimônias, rituais, intervenções na paisagem,
edificações etc. As fontes iconográficas passaram a ter variados sentidos
literário, poético e jornalístico, etc.
Assim,
a fotografia se liberada de seu compromisso de registro, do vínculo com a
realidade histórica hegemônica localizada no tempo passado, nesse momento ela é
capaz de permitir narrar novas histórias, construir outras identidades, revelar
outros passados, fundar uma memória. (SONTAG, 1986).
O
uso da fotografia no projeto “A fotografia e a materialização da memória
escolar” não se pretendeu apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens)
no ambiente escolar, apenas com o objetivo de reforçar os textos do material
oferecido aos alunos como comumente vemos nos livros didáticos. De acordo com
Bittencourt et al (1997) ela é mais
do que isso, torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas
coletivas, num ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um
seja incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que
está evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria
compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura
crítica da realidade.
O
papel do professor no ambiente de sala de aula passa a ser o de mediador e
instigador para que o aluno construa seu conhecimento a partir da pesquisa, e
essa habilidade depende de práticas pedagógicas inovadoras e dentre estas
destacamos o uso da fotografia e, onde se pôde através do projeto “A fotografia
e a materialização da memória escolar” analisar o passado e presente através
dessa ferramenta que no contexto atual é inovadora.
Inovadora
no sentido de que passa a ser utilizada como campo de investigação e não
elemento ilustrativo, com objetivos claros, fornecendo a possibilidade de uma
releitura do mundo real captado na fotografia.
A historiografia das instituições escolares
e seus sujeitos escolares tendo com aporte teórico a Historia Cultural nos
direcionam para relatos orais e memórias esquecidas e não conhecidas, ate
então, pois segundo Nunes (2003, p. 15) “as escolas são celeiros de memórias,
espaços nos quais se tece parte da memória social.” Através da fotografia de
professores, alunos e comunidade escolar podemos conhecer a história da
sociedade que a gerou, uma vez que a educação não é um fenômeno neutro e esta
diretamente ligada aos ocorridos da sociedade.
Nesse
sentido o projeto “A fotografia e a materialização da memória escolar”
possibilitou a minha pessoa enquanto coordenadora do projeto criar novos
caminhos e novas alternativas de mediar, aprender e avaliar através desse
recurso didático prático e inovador na sala de aula da escola básica que
durante muito tempo somente utilizou o quadro, o livro didático e a figura do
professor como transmissor de informações.
O
professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de
trabalho necessárias; o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do
histórico. Ele é o responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a
diversidade dos pontos de vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar
problemas e a reintegrá-los num conjunto mais vasto de outros problemas em
problemáticas. (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 57).
Assim, é que o presente projeto teve por
objetivo utilizar a fotografia como materialização da memória escolar. Dessa
forma, as questões que permearam esse projeto de pesquisa foram pautadas nas
seguintes proposições, a partir da utilização da fotografia: Quais lembranças
do cotidiano escolar permeiam a memória e cultura escolar de alunos e
professores? Como essa cultura escolar e memórias contribuem para a construção
e reconstrução da história da educação da capital do Maranhão? Como alunos e
professores percebem as mudanças educativas no espaço tempo no ambiente escolar
através da fotografia?
Nosso projeto está voltado para o eixo
temático sugerido no edital: Educação museal: atividades de formação cultural e
aprendizado que promovam a identificação, pesquisa, seleção, coleta,
preservação, registro, exposição e divulgação de objetos, expressões culturais
materiais e imateriais e de valorização do meio-ambiente e dos saberes da
comunidade, bem como a utilização de tecnologias educacionais para a
interpretação e difusão do patrimônio cultural.
No
ambiente escolar mais especificamente na sala de aula de História existem
dificuldades de ensinar e dificuldades de aprender porque existe uma tendência
de se isolar os acontecimentos históricos como se cada um deles expressasse uma
circunstância singular, um momento único que surge sem um antes e um depois,
solto no espaço e no tempo e superar essa crença, é ensinar o aluno a observar,
pensar, refletir historicamente compreendendo a disciplina como processo
dinâmico.
Uma
vez estabelecida essa premissa que está contida nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1996), na Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) e na
Constituição de 1988 quando orientam para perspectivas inovadoras no ensino da
História objetivando a construção da cidadania, entendemos que o objetivo de
práticas pedagógicas inovadoras, no caso o uso da fotografia é ajudar aos
estudantes conhecerem e respeitarem modos de vida diferentes em diversos tempos
e espaços respeitando a diversidade.
Assim,
a importância do projeto “A fotografia e a materialização da memória escolar”
contribuiu para desenvolver o olhar crítico do aluno, levantando questionamento
a cultura escolar e ao mesmo tempo cria a necessidade de saber olhar
atenciosamente o passado no presente transformando a prática escolar, ou seja,
inovando no interior da escola.
O
Objetivo geral foi registrar e
preservar a cultura escolar através do uso da fotografia com o objetivo de
inventariar memórias do cotidiano escolar que permeiam sujeitos escolares
(alunos, professores e comunidade) inscrevendo tais registros materiais na
história das relações sociais e educacionais, e em particular na cultura do
contexto escolar pesquisado.
A abordagem teórica metodológica utilizada foi
pautada a partir do registro fotográfico, com base teórica na História
Cultural, com o objetivo de apreender o contexto investigado e seus sujeitos
envolvidos. Uma pesquisa de cunho qualitativo com o objetivo de analisar os
registros fotográficos do contexto escolar.
Resultados
A
fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no trabalho
interdisciplinar resultando no olhar que analisa a cultura escolar
possibilitando a materialização de uma memória a ser preservada como fonte de
informação para a pesquisa histórica, pois na sociedade da informação, vivemos
um consumo excessivo de imagens, onde o fundamental é saber interpretá-las, ou
ressignificá-las de modo que, o indivíduo seja capaz de desvendar seus vários
sentidos. Assim, diante da necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o
uso da fotografia no projeto “A fotografia e a materialização da memória
escolar” contribuiu para o rompimento de uma aprendizagem fragmentada e
instrucionista.
Assim,
os alunos fizeram leituras sobre a posição do aluno frente o processo ensino
aprendizagem, ao todo fizeram parte do projeto 39 alunos onde organizamos
quatro grupos de pesquisa e produção fotográfica a partir de temáticas, como: espaço
físico/artefatos, eventos escolares e gênero.
Exemplificando os
artefatos que compõem o contexto escolar como a utilização dos dispositivos
moveis celulares, espaço físico; a reorganização e disposição das carteiras em
sala de aula, a função da biblioteca enquanto espaço em movimento, gênero; os professores
e suas metodologias, as relações de gênero na escola, os eventos; como a
eleição do grêmio escolar, os uniformes, carteiras, se liberadas de seu
compromisso de registro, do vínculo com a realidade histórica hegemônica
localizada no tempo passado, nesse momento o aluno(a) é capaz de permitir
narrar novas histórias, construir outras identidades, revelar outros passados,
fundar uma memória.
Durante o período de
três (3) meses (janeiro, fevereiro e março de 2018) foi feita a revisão bibliográfica, leitura e fichamento dos textos bases sobre
fotografia, memória e a educação escolar maranhense e brasileira, no
quarto e quinto mês (abril e maio de 2018) foi feito o registro fotográfico do
contexto escolar (alunos, professores e comunidade) e a leitura das fotografias
com uma parte textual e no mês de junho de 2018 o resultado/culminância com
exposição das fotografias dos alunos.
Laercio de Guine
Bissau para São Luís MA- Ana Carolina 2ª ano
O fotografia a fotografia
“Laercio de Guine Bissau para São Luís MA” da aluna Ana Carolina do 2ª ano
contextualiza a imigração africana para o Brasil e suas causas ou seja não se
pretendeu apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens) de acordo com
Bittencourt et al (1997) ela é mais
do que isso, torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas
coletivas, num ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um
seja incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que
está evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria
compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura
crítica da realidade, enfatizando a contribuição do trabalho para o avanço da
pesquisa sobre a história da educação maranhense e brasileira e para o
desenvolvimento do Maranhão.
Referências
Possui graduação em História e Pedagogia pela
Universidade Federal do Maranhão e em Pedagogia Especialista em Psicopedagogia e
Psicologia da Educação Mestra em História Ensino e Narrativas pela Universidade
Estadual do Maranhão e Doutoranda e Educação pela Universidade Estadual do
Ceará.
BITTENCOURT, Circe et al. O
saber histórico na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 1997.
BRASIL.
Ministério da Educação e Cultura. Lei
nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
MARTINS, Lúcia Araújo Ramos; PIRES, Gláucia
Nascimento da Luz; MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de. (org.). Inclusão: compartilhando Saberes. 2.
ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2008.
MIGNOT, A. C. V.;
CUNHA, M.T.S. (org.). Práticas de
Memória Docente. São Paulo: Cortez, 2003.
NUNES, Clarice. Memória e História da
Educação: entre práticas e representações, São Paulo, 2003.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora;
CAINELLI, Marlene. Ensinar História.
São Paulo: Scipione, 2004.
SONTAG, Susan. Ensaios
Fotográficos. Lisboa: Dom
Quixote, 1986. (Col. arte e sociedade).
TURAZZI, M. I. História e o ensino da fotografia. São Paulo: Moderna, 2005.
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ResponderExcluirOlá Bom dia,
ResponderExcluirAchei muito interessante o uso da fotografia para explorar a memória escolar. Pergunto, como trabalhar essa proposta como método pedagógico, digo melhor, ao pensar o uso da fotografia (como forma de resgate de uma memória) tendo a focar nas imagens de outros e nao dos próprios alunos. Gostaria de entender um pouco mais quais foram os fins didatico-pedagogicos desta atividade.
Leonardo Carnut
Olá Leonardo boa tarde! O uso da fotografia nesse projeto partiu da observação do contexto sócio politico atual da escola compreendendo a possibilidade de construção das temáticas fotográficas a partir do olhar critico dos alunos os fins didáticos pedagógicos foram a consciência histórica direcionada a cultura escolar como questões étnicos raciais gênero politicas para educação tratadas e outras fotografias e no caso a exposta no texto trata sobre a influencia da imigração de nossos ancestrais africanos no seculo XXI.
ResponderExcluirDigo influencia ou seja consequências que são sendo debatidas de forma visual e dialogica no interior da escola sobre o imperialismo do seculo XIX e seus reflexos
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirApós a exposição das imagens, houve com os alunos envolvidos no projeto algum momento de avaliação do que foi exposto?
Natanael de Jesus Santos
Olá Natanael a avaliação foi a produção de um texto escrito sobre a fotografia e a exposição das mesmas para a comunidade escolar!
ExcluirParabéns, pelo trabalho Ana Paula! Este evento é muito importante para divulgar trabalhos enriquecedores como o seu!
ResponderExcluirOlá Professora Marize satisfação de poder te encontrar nesse ambiente virtual riquíssimo de troca de informações sobre o ensino de História! Parabéns pelo trabalho e por sua coordenação de mesa!
ExcluirOlá
ResponderExcluirParabéns pela realização do projeto e pela sua produção. Fiquei instigado para obter mais detalhes factuais sobre o processo de realização do mesmo. você aponta que "Durante o período de três (3) meses..." foi realizado a atividade. Se possível, gostaria de saber mais sobre quais foram os pontos que decorreram de acordo com o planejado, os incidentes, mudanças de trajetória e modificações tomadas no decorrer do mesmo.
Abraço e parabéns
Isaias Holowate
Boa noite Isaias! esse projeto contou com apoio financeiro da FAPEMA Fundação de amparo a pesquisa no MA e houve um cronograma desde pesquisa a exposição fotográficas a parcerias com a Universidade Federal do MA na presença da professora Aurea do Curso de Comunicação Social que trabalhou a questão técnica da fotografia e suas extensões.
ExcluirAchei muito interessante o seu trabalho. Parabéns. Cássia Keline Lacerda Silva
ResponderExcluirObrigada Cássia precisamos trabalhar a História a partir de metodologias que façam sentido para o aluno permitindo sua participação como construtor de conhecimento.
ExcluirA fotografia é uma fonte histórica iconográfica que nos apresenta deixa entre a realidade e a ficção. no entanto como podemos afirmar que uma foto e um registro fiel de um acontecimento histórico, para então podemos usar como um objeto de apoio em sala de aula?
ResponderExcluirJorge José de Lira