Antonia Stephanie Silva Moreira


A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA), COMO EXPRESSÃO DA INCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL ATRAVÉS DO CINEMA


O presente artigo ocupa-se do histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, bem como os programas que a continuaram até a atualidade. A EJA surge como uma modalidade de ensino responsável pela conclusão da educação básica de jovens e adultos que em seu período regular não tiveram a oportunidade de terminar os estudos e assim incluí-los socialmente de modo satisfatório. Pensando nisso reflete-se sobre algumas questões no tocante a continuidade dessa forma de ensino, bem como a capacitação continuada dos professores da EJA no Brasil. Visando a melhoria dos resultados obtidos nesse processo objetiva-se ainda conjecturar algumas possibilidades inerentes a observação e aplicação de projetos acadêmicos via ludicidades nas turmas dos jovens e adultos através do cinema.
Introdução
A EJA no Brasil, é marcada por sucessivos processos governamentais. Mas em contrapartida, a maioria deles foi descontínuo o que ocasionalmente cristalizou a essa modalidade de ensino uma invisibilidade muito grande nos projetos públicos. Apesar dos jovens e adultos serem assegurados tanto pela LDB, quanto pela Constituição Federal, na prática vemos que a carência de políticas públicas destinada e EJA é muito grande.  O impedimento não é especificamente na oferta dessas vagas, mas, sim em mecanismos que assegurem a permanência desses alunos na sala de aula, haja vista que muitos deles são obrigados a escolher entre a educação ou a sobrevivência.

O processo histórico pelo qual a Educação de Jovens e Adultos passou, denuncia de certo modo o quão forte são as desigualdades sociais ao nosso redor. Trabalhadores e trabalhadoras que são obrigados a se contentarem em receber salários pequenos e ainda se submetem a condições de trabalhos extremamente exaustiva por conta do baixo índice educativo que teve durante seu período regular é preocupante em nossa sociedade. A EJA é, ou pelo menos deveria ser, um dos mecanismos que asseguram essa possibilidade de conclusão do ensino aos jovens, adultos e idoso.

Não pode se negar que nos últimos anos muito foi ganho no que diz respeito a ampliação de programas como PROJOVEM, PROEJA, EJAI no país no intuito se sanar essa deficiência escolar. Mas como educadores e conscientes dessa conjuntura devemos nos debruçar sobre estudos teóricos e práticos afim de reverter essa situação e transformar nosso país em um local onde todos tenham acesso a uma educação de qualidade e assim melhorar nosso cenário social em todos os sentidos. Permearemos sobre o histórico da EJA e suas contribuições na atualidade de modo a pensar e refletir sobre a existência desta modalidade de educação no Brasil.

Um breve histórico da EJA
Para melhor entendimento é necessário iniciar por um breve conhecimento do histórico da Educação de Jovens e Adultos, segundo o ‘Pedagogia ao Pé da Letra’:

“A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases: a de predomínio dos jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a do período em que D.João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil (1808-1821)”

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil como já foi mencionado, remonta ao período colonial, quando os jesuítas exerciam sobre os moradores nativos a propagação da fé católica juntamente com a alfabetização. Quando Marquês de Pombal os expulsa (jesuítas) a educação antes destinada aos adultos entra em decadência e isso se estende inclusive, ao surgimento do período imperial no Brasil onde a educação em todas as suas modalidades em especial, à destinada aos jovens e adultos fica em segundo plano.

Vale lembrar que essas razões estavam atreladas ao fato de que ser cidadão letrado, tanto no período colonial quanto o imperial era direito apenas das elites econômicas. Foi somente a partir de 1930 que a educação destinada aos jovens e adultos obtém maior expressividade no cenário brasileiro, por exemplo a Constituição de 1934 instituiu o ensino primário gratuito e obrigatório para todos. “Porém, pouco ou quase nada
foi realizado nesses períodos, devido principalmente à concepção da cidadania considerada apenas como direito das elites econômicas.” [PORTAL DO MEC, p.03]

Na década de 30 o país passava por um processo de industrialização urbana que superava desse modo as elites rurais e exigia uma mão de obra que tivesse no mínimo a educação básica completa. Mas devido aos antecedentes históricos-educacionais precários seria necessário oferecer a camada popular um ensino que desse os suportes mais básicos para o desempenho de determinado serviço. Porém, sempre tomando cuidado para que esse ensino não fosse para além do profissional, já que era inadmissível um cidadão pobre ter o mesmo nível de educação de um componente da elite.

E nesse sentido, o Brasil já se encontra, cronologicamente, sob a égide do Estado Novo (1937-1945) de forma que o enfoque principal dessa época foi o ensino profissionalizante dos jovens e adultos. Neste período surgem os órgãos que iniciavam os cidadãos na mão de obra técnica, sendo eles: SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ) e SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.) Em suma, como já foi mencionado a educação servia somente e exclusivamente para garantir o emprego visando a sobrevivência do indivíduo e de seu grupo familiar.

No governo de Luís Inácio Lula da Silva (2004-2010) há uma ampliação no que se refere as políticas públicas e investimentos destinado a EJA. Passou-se a considerar a Educação de Jovens e Adultos como uma prioridade nos planos federais. No entanto, a medida em que criava decretos, por outro lado os limitava em algum ponto, por exemplo no que concerne a sua vinculação a programas de menor institucionalidade. De acordo com [ALMEIDA, 2015, p.14]:

“O Proeja configura-se como uma proposta inédita no Brasil, no sentido da oferta da Educação de Jovens e Adultos (EJA) integrada à formação profissional. Seus objetivos são de inclusão social por meio da capacitação para o trabalho acompanhada de elevação da escolaridade.”

Mas seguindo o percurso da nossa histórica desigualdade a ideia que surge é que a educação oferecida por esses mecanismos não acompanha a industrialização e profissionalização do mercado de trabalho atual. Restringindo o mundo educacional as elites comerciais brasileiras.

“Ser brasileiro é ser alfabetizado? ”
Nosso enfoque nesta pesquisa é Jovens e Adultos e a realidade escolar ao qual eles estão submetidos. Já foi realizado um breve histórico sobre a EJA no Brasil agora nos ocuparemos da vivência cotidiana dos alunos e o que consideramos ser o caminho ideal a ser percorrido afim de se obter resultados exitosos no ensino aprendizagem.

Decerto o primeiro deles seja a realização de práticas de caráter interdisciplinar, que promovam a ampliação do senso crítico e social dos alunos além de ser um mecanismo validado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Outro ponto que auxilia no processo de alfabetização e, portanto, relevante de análise é a implantação de recursos lúdicos nas aulas para alunos do EJA, como por exemplo dinâmicas, atividades extraclasses onde o limite é a criatividade do professor.

Podemos citar também a particularidade de cada turma no tocante a bagagem social e cultural que os mesmos trazem para a sala de aula, que se explorado corretamente é de uma riqueza educacional muito grande tanto para o professor como para os alunos, e de acordo com isso ALMEIDA

“Há aspectos que fazem desses estudantes seres ímpares que, por meio de suas histórias de vida, de suas memórias e representações, preenchem o cotidiano da Educação de Jovens e Adultos e, por sua vez, precisam ser preenchidos por “escolas” e outros espaços que entendam as suas particularidades.” [p.02, 2015]

Sob outra perspectiva apontemos os usos de recursos tecnológicos como jogos virtuais, telefone móveis, computadores com ênfase na utilização de produções cinematográficas. Devido a sua comunicação em massa o cinema foi considerado a 7ª arte moderna e o período de maior ascensão foi no entre guerras. Esse período surge acompanhado de dois pontos principais que seriam: A leitura histórica do filme e a leitura cinematográfica da História.

Os filmes como qualquer outra fonte histórica devem ser submetidas a indagações e metodologias de análise e o professor deve ter em mente que nenhum filme é neutro, ocasionalmente todos tem a sua intencionalidade. Utilizar filmes em sala de aula requer o continuo exercício da criticidade e reflexão do professor e dos alunos, pois os filmes podem se caracterizar como fonte/documento ou discurso acerca de algum fato histórico ou não.

É evidente o quão complicado seja para um adulto ou idoso voltar aos estudos haja vista que muitos deles já são chefes de família e assumem responsabilidades maiores com o trabalho e muitas vezes deixam os estudos em segundo plano. E essa situação se complica ainda mais quando não há a existência de projetos acadêmicos e estatais voltados para esse público-alvo especificamente. O cinema manifesta-se como recurso pedagógico de extrema importância no que diz respeito a auxiliar e enriquecer o trabalho dos professores e coordenadores do EJA, bem como a vivência dos próprios alunos.

 Nesse sentido, em nossa pesquisa utilizaremos o gênero como tema transversal. Por isso que o uso do filme no espaço escolar é poder entender e problematizar os aspectos sociais presentes dentro do cotidiano da escola, e diante deles constituir reflexões sobre o papel de cada indivíduo na sociedade, além de compreender a própria relação com sua identidade, pois o aluno/a pode buscar pontos de reflexão acerca dos padrões sociais, sobre a maneira como eles se instituem afim de apontar a maneira como devem seguir no cotidiano social. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais

“Existem fatores culturais importantes que determinam a impossibilidade de existência de uma relação direta entre informação-mudança de atitudes; é fundamental considerá-los na prática de ensino e aprendizagem de valores. É necessário atentar para as dimensões culturais que envolvem as práticas sociais. As dimensões culturais não devem ser nunca descartadas ou desqualificadas, pois respondem a padrões de identificação coletivos que são importantes. Eles são o ponto de partida do debate e da reflexão educacional.” [1997, p.34]

 Considerações finais
Em nossa pesquisa intitulada como Cinediversidade chega à noite: refletindo através do cinema acerca dos marcadores sociais da diferença (gênero, raça, sexualidade, classe e geração) nas escolas públicas de Caxias- MA na Educação de Jovens e Adultos-EJA. O objetivo é promover aos jovens e adultos um espaço de reflexão e discussão do tema sexualidade a partir de uma proposta interdisciplinar de promoção de saúde, buscando a autonomia deles em relação a sua sexualidade. Há também a necessidade de desenvolver, a partir do gosto pelo Cinema, o senso crítico, estético e cultural sobre nossa localidade, nosso país e o mundo de modo geral, bem como mostrar o cinema como sendo uma fonte de cultura e agente transmissor de conhecimento.

Além disso em uma roda de conversa sobre educação de Jovens e Adultos que aconteceu entre os dias 22 a 26 de outubro no IFMA- Campus Codó agregou mais conhecimento no que se refere à pesquisa sobre EJA. Dessa forma é de suma importância entender a historicidade da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e sendo assim permeamos sobre o histórico e suas contribuições na atualidade de modo a pensar e refletir sobre a existência desta modalidade de educação no Brasil e a sua eficácia.

Referências
Antonia Stephanie Silva Moreira, graduanda do curso de licenciatura plena em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Campus Caxias.
Jakson dos Santos Ribeiro, orientador e professor doutor na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Campus Caxias.
ALMEIDA, Adriana. A educação de jovens e adultos: aspectos históricos e sociais.XII Congresso Nacional de Educação. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/22753_10167.pdf
Parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 146p.
Pedagogia ao pé da letra. Disponível em: https://pedagogiaaopedaletra.com/historico-da-eja-no-brasil/
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf2/proeja_medio.pdf
 Proposta curricular para a educação de Jovens e Adultos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_livro_01.pdf



11 comentários:

  1. Cláudio Correia de Oliveira Neto8 de abril de 2019 às 05:44

    Há alguma diferença metodológica no uso do cinema enquanto fonte histórica em turmas do regular e turma da EJA?
    Cláudio Correia de Oliveira Neto.

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  2. Cláudio Correia de Oliveira Neto8 de abril de 2019 às 05:53

    Desde os anos 1990 vem ocorrendo no Brasil o aumento da presença do número da jovens na modalidade EJA, o que alguns autores como Di Pierro e Haddad chamaram de juvenilização. Em seu texto os sujeitos apresentados ainda carregam as características do perfil tradicional do EJA (sujeitos que não tiveram acesso a escola ou tiveram o acesso interrompido).Os juvenilizados geralmente migraram compulsoriamente do regular para o EJA e em momento algum saíram da escola, mas apenas mudaram de turno e modalidade, muitas vezes permanecendo na mesma escola.O processo de juvenilização exigiria uma nova abordagem metodológica/pedagógica?
    Cláudio Correia de Oliveira Neto.

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  3. Texto bastante esclarecedor sobre a importância do EJA, refletir sobre essa modalidade de ensino é fundamental, penso que é alem de um ambiente escolar uma oportunidade de ensino que flexibilizada constitui a chance de alfabetização e formação integral a muitas pessoas.Na percepção de voces, Jakson e Antonia o ensino do EJA se expandiu pelo aumento da flexibilidade dos indivíduos participarem?As metodologias como uso do cinema abordado ajudaram a perceber essa questão, ou pelas difíceis condições de trabalho, que impulsionam as pessoas a voltarem a estudar, para concluírem a formação e assim garantir um novo espaço no meio social?

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  4. Texto muito interessante.

    Fui aluno do EJA e lá conclui meu ensino médio, e de fato é um meio muito importante para a alfabetização (em muitos casos) e para a obtenção de diplomas tão importantes para a formação profissional do individuo.

    Minha pergunta remete a questões estruturais, os professores avaliam que a forma como o EJA tem tomado proporção entre jovens e adultos serve como medida de avaliação dos problemas do ensino regular?

    Outra pergunta sobre a questão do cinema, na opinião de vocês, o prof em sala pode abordar a análise do filmes assistido, propor um debate sobre, dado que a realidade de um aluno do EJA é normalmente de trabalho durante o dia, muitos com família formada (digo pelos meus colegas de sala que tive)? Quais seriam os meios para o prof despertar no aluno o interesse em entrar para o ambiente de debate e posteriores análises em forma de trabalho?

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  5. Olá, Antônia, que experiência
    interessantevc teve. Agradeço por compartilhar!
    Trabalhar com a EJA é desafiador e tbm apaixonante, principalmente quando compreendemos a dinâmica e pluralidade desse alunado, como vc bem descreveu.
    Gostaria de saber como foi a recepção dos mesmos com relação ao uso do cinema para a compreensão dos temas elencados? Eles conseguiram compreender o momento como parte do processo de ensino? Pergunto isso, pois ainda há muito preconceitos sobre o uso dessa ferramenta.

    Cordialmente,

    Lidiana Emidio Justo da Costa

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  6. Parabéns pelo trabalho. Sempre estudei em escola pública e sigo fazendo uma faculdade pública. Senti o peso e pressão que um faculdade tem. Nós que saimos da escola pública-estadual ou municipal- sofremos a falta de uma educação mais forte, centrada na formaçao do invíduo enquanto ser preocupado com questões sociais. Somos formados para a trabalho, para a manutenção do sistema vigente, não que uma faculdade forme o ser contrário ao sistema, mas temos um ensino voltado para construção de outro tipo de cidade, de país. Sabendo que a falta de educação de qualidade é fundamental para manter uma massa politicamente docil, frágilizada em muitos sentidos. Como é possivel em sala de aula, como no EJA, oferecer uma educação crítica, burlando as amarras que o governo impõe?

    Joseilton Soares Mendes

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  7. Parabéns pelo trabalho. Sempre estudei em escola pública e sigo fazendo uma faculdade pública. Senti o peso e pressão que um faculdade tem. Nós que saimos da escola pública-estadual ou municipal- sofremos a falta de uma educação mais forte, centrada na formaçao do invíduo enquanto ser preocupado com questões sociais. Somos formados para a trabalho, para a manutenção do sistema vigente, não que uma faculdade forme o ser contrário ao sistema, mas temos um ensino voltado para construção de outro tipo de cidade, de país. Sabendo que a falta de educação de qualidade é fundamental para manter uma massa politicamente docil, frágilizada em muitos sentidos. Como é possivel em sala de aula, como no EJA, oferecer uma educação crítica, burlando as amarras que o governo impõe?

    Joseilton Soares Mendes

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  8. Olá Antonia. Excelente relato da historiografia da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Acredito que precisamos aprofundar mais ainda essa discussão em torno da EJA, por isso me pergunto: por que ao longo da história da educação os nossos governos não se preocupam com essa modalidade, ou melhor, com esses sujeitos históricos?
    João Paulo Danieli

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  9. Como vc percebe a motivação dos alunos no EJA? Como é a evasão? Aqui no meu campus a evasão gira entorno de 50%.

    Laerte Pedroso de Paula Júnior

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  10. A utilização de ferramentas novas no processo de ensino dentro da sala de aula mostra-se bastante interessante. Num cenário onde o educador se vê buscando novas formas de transmitir o conteúdo, sem necessariamente estar preso às práticas tradicionais o cinema e os meios audiovisuais são uma aposta válida e enriquecedora. Dito isto, gostaria de saber com que frequência você utiliza essa ferramenta e como ela é recebida pelos alunos. Na sua opinião, é possível trazer essa ferramenta para o ensino básico, ainda que com limitações, ou cortes?

    Obrigado!

    Gerfeson Carvalho dos Santos

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  11. Parabéns pelo ótimo artigo. Também sou professor de EJA, a nível de ensino fundamental, e concordo com todas as posições explanadas no texto. Considero a EJA como uma modalidade de ensino especial, diferente de qualquer outra. As histórias e experiências de vida dos alunos são ímpares e muitas vezes somos nós que aprendemos com eles. A EJA exige um outro olhar pedagógico e humano, as relações cotidianas são completamente diferentes das vivenciadas no ensino básico. Em escolas EJA de público de bairros carentes mais ainda, é onde temos contato com o Brasil real, a realidade nua e crua de nossa sociedade. Nesse cenário, exige-se metodologias de ensino diferentes das tradicionais para alcançar o público-alvo. O uso de filmes é positivo e desperta o interesse dos educandos. Ainda mais interessante seria a visita deles em um cinema de verdade, pois muitos jovens e principalmente adultos e idosos nunca foram em um, portanto seria uma experiência enriquecedora. Contudo, como na maioria das escolas dessa modalidade, a evasão escolar e a baixa frequência dos alunos é um fator complicador do processo ensino-aprendizagem. Diante disso, cabe perguntar: a alta evasão e baixa frequência dos alunos seria mais por causa da dura realidade em que vivem no dia a dia ou por não verem mais sentido em continuar os estudos? E até que ponto o uso de filmes com caráter pedagógico poderia diminuir essa evasão e quantidade de faltas?

    Oscar Martins Ribeiro dos Santos

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